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Março ultrapassa média chuvosa para o mês; DF está em alerta para temporais

Março de 2018 é o terceiro mais chuvoso em 21 anos. Meteorologistas explicam que a transição entre o verão e o outono é marcada por chuvas intensas

A capital federal está na rota dos temporais até o fim de semana e, por isso, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) colocou o DF em estado de alerta, com risco potencial de chuvas. Segundo o órgão, março já ultrapassou a média chuvosa. Normalmente são registrados 180,6 milímetros todo o mês e, até esta quarta-feira (21/3), em 21 dias, choveu 195,8 milímetros. É o terceiro março mais chuvoso dos últimos 21 anos. O recorde é de março de 2005, quando choveu 398,5 milímetros. Em segundo lugar está março de 1997, quando as tempestades acumularam 371,9 milímetros.

Áreas de instabilidade na região central do Brasil devem prolongar as chuvas nos próximos dias. Imagens de satélite mostram nuvens carregadas no DF e em Goiás. Os meteorologistas explicam que é natural que a transição entre o verão e o outono seja chuvosa. Outras quatro capitais também ultrapassaram a média chuvosa para o mês. Em Belo Horizonte, a média comum é de 160,5, mas os mineiros registraram 377 milímetros (veja outras médias no fim desta reportagem).

"As transições têm essa bagunça do clima, é característico do período. A atmosfera ainda está saindo do ritmo de verão. O primeiro mês do outono ainda é chuvoso. Em abril, a tendência muda. É quando cai bastante o índice chuvoso e entramos no início da estação seca", explica a meteorologista do Inmet, Maiane Araújo. Em abril, a média de chuvas é 123,8 milímetros. Em maio, 38 milímetros. Em junho, é registrado o nível mais baixo do ano: 8,7 milímetros.

No DF, a média oficial da chuva é feita pela estação do Inmet no Sudoeste, área central da cidade. Mas, em outras estações, o nível dos temporais se mostra ainda maior. Em Brazilândia, por exemplo, choveu 293 milímetros em março. No Gama, 246 milímetros. "A chuva ocorre em forma de pancada. Chove mais em alguns locais e menos em outros. Até o final da semana são esperadas boas chuvas por conta do calor e da umidade da ar que favorecem as pancadas", acrescenta Maiane.

Atenção para os riscos

As chuvas estão intensas no DF, o que exige cuidados. Em 5 de março, choveu 62 milímetros. No dia 10, 45 milímetros. O índice pluviométrico é medido por metro quadrado em determinado local e período. O dado é calculado em milímetros. Quando se registra chuva de 2 milímetros, por exemplo, significa que, se tivesse uma caixa aberta com um metro quadrado de base, o nível da água dentro dela teria atingido 2 milímetros de altura. Para a cidade, a média seria a altura alcançada pela água a partir do chão.

A Defesa Civil monitora 17 áreas de risco no DF em variados endereços (Águas Claras, Ceilândia, Estrutural, Fercal, Itapoã, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo I, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Sobradinho II, Taguatinga, Varjão e Vicente Pires). Os casos mais graves são de ocupações irregulares, com infraestrutura precária, passíveis de maior dano em situações de deslizamentos, enchentes, incêndio, desabamento entre outros desastres.

Algumas recomendações são importantes. Em caso de alagamentos, tenha um lugar previsto para alojamento. Mantenha limpo quintais, telhados e canaletas de águas para evitar não atrapalhar o escoamento da água. Durante os temporais, não ultrapasse os 60 km/h se estiver dirigindo, mesmo em vias expressas. Em caso de raios, é importante que os pedestres não permaneçam em áreas abertas, em alto de morros, próximos às cercas de arames, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos, debaixo de árvores isoladas.

Desde fevereiro deste ano, a capital federal tem registrado altos índices de chuva. O mês passado foi o mais chuvoso da década, quando foram contablizados 272 milímetros acumulados de chuva, cerca de 25% a mais dos 217,5 milímetros previstos. Gráficos históricos mostram que choveu acima da média em fevereiro somente em 2017 e 2018. No ano passado, o acumulado do período ficou em 258,4 milímetros. Entre 2010 e 2016, o volume sequer ultrapassou a marca de 200 milímetros por causa de fenômenos como o El Niño.

Alívio para os reservatórios

A estação chuvosa ajuda os reservatórios a recuperar o volume perdido com a estiagem prolongada. A bacia do Descoberto ; responsável pelo abastecimento de 1,6 milhão de habitantes do DF ; está com 69,5% da capacidade. A última vez que a barragem registrou esse índice foi em julho de 2016. O caso da bacia de Santa Maria é um pouco mais delicado. O reservatório marcou, nesta quarta-feira (21/3), menos da metade de sua capacidade total: 46,8%. O volume é o mesmo marcado em julho do ano passado. O nível dos reservatórios é medido pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Adasa).

Apesar da recuperação gradual do sistema de abastecimento do DF, ainda não há data para o racionamento chegar ao fim. A Adasa garante que essa decisão será tomada somente quando as bacias atingirem 100% de sua capacidade total, o que é impossível de prever. Contudo, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), anunciou, durante o Fórum Mundial da Água, evento internacional que discute a crise hídrica global, é que até maio será definida uma data para o término do rodízio.

Chuvas acima da média

Veja índice alcançados em cinco capitais brasileiras

Cidade Média Índice alcançado
Curitiba 194,2mm 210,8mm
Brasília 180,6mm 195,8mm
Vitória 108,2mm 147,7mm
Belo Horizonte 142,7mm 377mm

Fonte: Inmet. Dados até 21/3.