Trabalhadores do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) paralisaram as atividades na manhã desta terça-feira (20/3) e vão avaliar se entram em greve por tempo indeterminado na próxima quinta (22/3). O principal motivo alegado pela categoria é a mudança da jornada de trabalho para seis horas, sem a possibilidade do regime de plantão de 12 horas.
Eles também reclamam das condições para atendimento dos pacientes e o desrespeito nas relações de trabalho. O movimento é liderado pelo Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da Fundação Universidade Brasília (Sintfub).
Em nota, o Hospital Universitário de Brasília informou que, dos 2.153 funcionários, 610 são da Fundação Universidade de Brasília (FUB) e que foram esses que iniciaram uma paralisação nesta terça-feira. Mas, como os demais servidores continuam trabalhando normalmente, "alguns serviços precisaram adaptar o ritmo de atendimento, mas nenhum está parado". Além disso, finalizou dizendo que "a direção do HUB está em constante negociação com os trabalhadores para encontrar uma solução e normalizar o atendimento o quanto antes".
Em resposta à declaração do sindicato, a Ebserh informou que "tem atuado para melhorar a estrutura do HUB, as condições de trabalho e, por consequência, o atendimento à população". Segundo a empresa, desde que a estatal assumiu a gestão do HUB, em 2013, foram contratados mais de 1.300 empregados por meio de concurso público.
"Somente em 2017, a aquisição de mais de 950 equipamentos novos ajudou a melhorar a assistência e proporcionar mais conforto aos pacientes, como cadeiras de banho, cadeiras de rodas, biombos, aparelhos de pressão, balanças, suportes de soro, escadas antiderrapantes, colchões, entre outros", ressaltou, em nota. A empresa destacou ainda avanços nos atendimentos, com mais de 1,7 milhão de procedimentos ambulatoriais em 2017, 400 mil a mais do que em 2016.
Coleta para exames comprometida
O setor mais atingido com a paralisação, segundo a assessoria do HUB, foi o Laboratório de Análises Clínicas, que realiza coleta para exames laboratoriais. Nesta terça-feira (20), foram atendidos apenas gestantes e moradores de cidades distantes. Os demais pacientes precisarão retornar em outras datas.
A auxiliar de enfermagem Rozangela Baia, 49 anos, aderiu à paralisação. Na avaliação dela, a alteração do regime de plantão afetará a vida de muitos trabalhadores no HUB. ;Nós trabalhamos no HUB em regime de plantão (12 horas diurno ou 12 horas noturno). Esse direito de fazer 12 horas diurno foi tirado. Para quem trabalha em dois vínculos, é impraticável. Nós tentamos um diálogo e eles se fecharam. Ou nós reduzimos a carga horária ou pedimos exoneração. Fica complicado;, afirma.
Também houve manifestação na Reitoria da UnB. A objetivo inicial do sindicato era realizar o protesto no próprio hospital, mas a Justiça proibiu o ato. Segundo a coordenação do Sintfub, 120 manifestantes ocuparam a entrada do gabinete da reitora, Marcia Abrahão, no câmpus Darcy Ribeiro.
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer