Desde o aparecimento de casos de infecção por bactérias multirresistentes, a Secretaria de Saúde está em alerta para as contaminações com a bactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC). Seis pacientes estão isolados no Hospital Regional do Guará com o micro-organismo. A pasta descarta um surto, mas até o fim da semana deve divulgar um boletim com recomendações aos hospitais e atualização dos dados. Todos os hospitais do Distrito Federal estão em sentinela para monitorar as infecções.
As estatísticas mais recentes, divulgadas pela Secretaria de Saúde, são de 2015. Naquele ano, 789 pessoas foram contaminadas com alguma bactéria resistente a medicamentos. Todos os casos ocorreram em unidades de terapia intensiva (UTI). Em 56% das infecções, o paciente é adulto. Ao todo, a pasta notificou 917 micro-organismos, número maior do que o de pacientes, já que cada pessoa pode ter mais de uma bactéria. A estafilococos representa a maior parcela das contaminações.
Nos últimos oito anos, houve três surtos de infecções por KPC. Em 2010, 2013 e 2015, a Secretaria de Saúde notificou contaminações e mortes pela bactéria.
A Secretaria de Saúde endureceu as medidas de monitoramento e de controle. A gerente de Risco em Serviços de Saúde, Fabiana Mendes, adiantou ao Correio que uma nota técnica ; espécie de alerta na comunidade médica ; deve ser divulgada até o fim da semana. "O documento deve conter números das infecções, prevalência de microorganismos e medidas de prevenção e controle. Estamos monitorando todos os hospitais do DF", explica.
Apesar das medidas, Fabiana afirma que não há surto de KPC. "A bactéria é comum no organismo do ser humano. Os pacientes que estão há muito tempo internados são idosos, tomaram muito antibiótico ou têm deficit nutricional, então a bactéria passa a ser resiste aos medicamentos", destaca.
Isolamento no Hospital do Guará
A Secretaria de Saúde não explicou se os seis pacientes contaminados com KPC estavam na mesma enfermaria, no Hospital Regional do Guará. A pasta não divulgou as idades e quais os tratamentos que os pacientes estavam recebendo. A KPC pode ser encontrada em fezes, na água, no solo, em vegetais, cereais e frutas. A transmissão ocorre em ambiente hospitalar, por meio do contato com secreções do paciente infectado.
A falta de higiene, segundo a literatura médica, pode contribuir para a transmissão, mas Fabiana descarta falhas na limpeza do hospital. "Não faltou higiene", pondera. Mesmo assim, medidas foram tomadas. "Recomendamos a higiene de mão para qualquer pessoa no hospital. Essa é a estratégia mais barata, simples e eficaz para frear a transmissão. Os servidores estão usando luvas e capote (espécie de avental) descartáveis em qualquer procedimento nesses pacientes", destaca.
Em maio de 2015, o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) passou por uma limpeza geral das alas vermelha e amarela para conter a proliferação do micro-organismo.
Como prevenir?
POPULAÇÃO
; Evitar o contato direto com pacientes infectados. O uso de luvas, máscaras e capotes é essencial. Não compartilhar objetos pessoais, como talheres, copos e sabonetes;
; Lavar as mãos antes e depois de ter contato com pacientes infectados ou em ambiente hospitalar;
; Não fazer uso frequente de antibióticos sem orientação médica;
; Evitar tocar as superfícies hospitalares, como camas, portas e paredes.
PROFISSIONAIS DE SAÚDE
; Isolar pacientes infectados ou suspeitos de infecção;
; Para entrar em contato com os pacientes isolados, usar equipamentos de proteção individual e descartáveis;
; Higienizar as mãos antes e depois do contato com qualquer paciente;
; Esterilizar adequadamente os instrumentos médicos.