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Diante da pulverização de pré-candidaturas de oposição, o ex-deputado Jofran Frejat (PR/DF) ameaça fechar uma aliança com antigos adversários políticos, como o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), e o senador Cristovam Buarque (PPS/DF). O grupo de Frejat, que se originou dos governos Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, está dividido, como mostrou o Correio no último domingo. Além do ex-secretário de Saúde, não arredam o pé de suas pretensões os deputados federais Alberto Fraga (DEM/DF), Izalci Lucas (PSDB/DF) e o ex-distrital Alírio Neto (PTB).
Em entrevista ao programa CB.Poder, que foi ao ar ontem, Frejat garantiu que será candidato pelo PR, mesmo se os companheiros de acordo se lançaram ao Palácio do Buriti. ;Estou cumprindo a minha palavra;, disse. ;Ou você cumpre a sua palavra ou você vira...;, afirmou, sem completar a frase. Ele sabe que muita gente se coloca como candidato ao governo, mas, na verdade, quer um bom lugar na chapa. ;Estamos tentando acomodar os aliados;, explicou.
Frejat, no entanto, não escondeu a insatisfação. Para ele, o embate de seu grupo é mais difícil do que enfrentar a reeleição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). ;O fogo amigo é muito pior;, declarou, durante o programa. Um dos principais entraves para a consolidação da chapa é a relutância de Frejat em compartilhar um eventual governo com os aliados políticos. Ele não aceita negociar agora o espaço em áreas como segurança, saúde e educação, por exemplo. Tampouco admite um vice com passado de condenações.
De acordo com Frejat, as exigências foram colocadas à mesa durante uma reunião, na qual foi apresentada uma pesquisa de intenção de votos em que apareceu, como principal nome do grupo para enfrentar Rollemberg. ;Eu falei: ;Se eu for o candidato, eu não posso aceitar um vice que seja meu adversário, como o que está acontecendo hoje, e não posso colocar um vice que seja ficha-suja;. Pronto. Complicou;, contou.
Integrantes do PR avaliam que Frejat precisa ser mais conciliador no trato com os aliados que se comprometeram a saírem juntos. Em meados do ano passado, em diversas reuniões, Frejat, Alírio, Fraga, Izalci, Filippelli, o ex-vice-governador Paulo Octávio (PP) e a ex-deputada Eliana Pedrosa (Podemos) acertaram que o nome do grupo na cabeça de chapa seria o que tivesse mais intenções de votos nas pesquisas, maior potencial de crescimento, menor rejeição e viabilidade jurídica. Até o momento, tudo indica que Frejat é o que melhor se encaixa nessas condições.
Frente alternativa
Com essas dificuldades, Frejat trabalha um plano B. Pode, por exemplo, concorrer em uma aliança de centro-esquerda. Joe Valle poderia ser o vice ou candidato ao Senado, ao lado de Cristovam Buarque (PPS). Outra possibilidade da chapa majoritária é o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo, anunciado no fim de semana como uma opção do PPS (leia Cinco perguntas para). O ex-vice-governador Tadeu Filippelli, que comanda o MDB e o PP, tem costurado esse entendimento. Assim, com metade do tempo de televisão do horário eleitoral, o emedebista não abre mão de indicar o vice. Falta acertar o nome.
Por outro lado, o senador Cristovam Buarque busca um grupo político para disputar as eleições. Ele rompeu com o PT depois de votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff e não aprova a administração de Rodrigo Rollemberg. Joe Valle, por sua vez, está lançado para a chapa majoritária, mas também não tem estrutura para concorrer sozinho.
Pré-candidato ao Buriti, Alberto Fraga (DEM) classificou a atitude de Frejat de conversar com integrantes da oposição como ;precipitada; e afirmou que o acordo será cumprido conforme as regras estabelecidas em meio às articulações. ;Ele está aproveitando o recall. É natural que, por ter sido candidato, tenha uma lembrança maior na memória da população. Mas nem sempre o melhor candidato é quem está à frente hoje. O que combinamos é que encomendaríamos uma pesquisa e, depois, bateríamos o martelo;, argumentou.
O deputado federal acrescentou que não acompanharia Frejat em uma aliança com Joe Valle e Cristovam Buarque. ;Eu sou da oposição há oito anos. Não mudo de lado. Essa frente alternativa conta com pessoas que ficaram até o último momento da atual gestão. Assim é muito fácil. Se Frejat escolher esse caminho, que vá. Temos votos suficientes para enfrentar Rollemberg. Não queremos que o grupo se divida, mas não vão ganhar nada no atropelo;, ressaltou Fraga.