Otávio Augusto
postado em 24/02/2018 16:39
Um almoço histórico reuniu alunos do antigo colégio Ginásio Moderno. São muitas lembranças em cinco décadas de história. Da turma formada em 1967, saíram médicos, engenheiros, professores, veterinários, administradores e outros profissionais. Alguns nem sequer continuam morando na capital federal, mas reservaram a tarde deste sábado (24/2) para comemorar as bodas de ouro da conclusão do ensino médio.
Hoje, o Ginásio Moderno não existe mais. Deu lugar ao Centro de Ensino Médio Setor Oeste, na 912 Sul. O veteranos da instituição de ensino preservam memórias dos tempos de escola. O encontro foi organizado pelo médico Pedro Carrusca, 66 anos. "Temos que cultivar os amigos. O encontro é uma maneira de estarmos juntos", explica. Há 25 anos, o grupo se reuniu para confraternizar as bodas de prata.
;O Ginásio Moderno é único na educação de Brasília. Tínhamos o filho do ministro, do senador, estudando com o filho do motorista, do mestre obras e da faxineira. Isso acabava com a segregação de classes. Aprendemos a conviver com as diferenças e a diversidade;, pondera. O encontro inicialmente seria realizado em dezembro, mas como muitos colegas estavam viajando, a comemoração foi adiada.
Eles se reuniram no clube da Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT), no Setor de Clubes Sul. Pelo colégio passaram nomes conhecidos pelos brasileiros, como do ex-automobilista Nelson Piquet e o presidente da Petrobras, Pedro Parente.
Um papel amarelado com letras verdes chamava atenção. Era o convite para a formatura com os nomes dos 64 alunos. Um deles tem destaque: Maurício Ferreira Magalhães, 67 anos. Ele foi orador da turma. Não se lembra do discurso, mas se recorda da data com carinho. ;Como aqueles professores eram dedicados. Fomos a primeira turma do colégio, inaugurado em abril de 1964;, conta. Maurício se tornou professor de engenharia elétrica em Campinas (SP).
Entre muitos abraços, os colegas de classe relembraram algumas histórias. Uma delas chama a atenção: a de Frederico Burgos, 65 anos. Então com 11 anos, ele musicou o hino da escola. ;A letra era da diretora da escola. Peguei a composição, sentei ao piano e musiquei;, lembra. O talento de Fred, como é chamado pelos colegas, tem uma razão. Ele é filho do pianista pioneiro de Brasília Paulo Burgos.
As entrevistas foram para interrompidas para os colegas se reunirem para uma foto oficial. Piadista, Geraldo Torrecillas, 67 anos, mandava os colegas ajeitarem os cabelos e murcharem a barriga. ;Como essa gente ficou feia. Fico impressionado;, brinca, antes de soltar uma gargalhada.
A gozação não ficou impune. Ao ver Geraldo conversando com a reportagem, um colega fez um alerta. ;Não publique nada que esse cara disser. Ele é mentiroso de marca maior;, disse aos risos. Os dois se abraçaram e começaram a conversar.
Criação de Anísio Teixeira
A educação oferecida pelo Ginásio Moderno era ancorada em parâmetros criados pelo jurista, intelectual, educador e escritor Anísio Teixeira (1900-1971). O baiano foi criador do modelo de educação pública no Brasil. É dele, por exemplo, a estrutura educacional e pedagógica das Escolas Paques.
A escola oferecia aulas no período integral. Os alunos estudavam a grade curricular básica pela manhã e, à tarde, disciplinas complementares, como línguas, música, educação para o lar, entre outras. Considerado o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a educação brasileira no século 20, Anísio foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis, que refletiam seu objetivo de oferecer educação gratuita para todos.