Até quarta-feira, a empresa Expresso Guanabara, responsável pelo ônibus envolvido no grave acidente na BR-020, deverá prestar esclarecimentos à Polícia Civil de Goiás. Os investigadores querem saber quem eram os motoristas que se revezaram no trajeto Cajazeiras (PB);Goiânia (GO), além de detalhes da escala de trabalho. Dois dias após a tragédia que matou nove pessoas e deixou 30 feridos, apenas uma pessoa foi ouvida e relatou que o condutor do ônibus Edson Lopes Lima, 47 anos, invadiu a contramão. Ele morreu na batida.
O chefe da 2; Delegacia Distrital de Polícia de Formosa, Jandson Bernardo da Silva, explica que o depoimento dos sobreviventes da tragédia serão importantes na apuração das causas do acidente. O delegado espera localizar testemunhas que viajavam no ônibus e que, realmente, possam trazer relatos que ajudem a desvendar o que houve na manhã da última quinta-feira. ;Vamos tentar falar com as vítimas que moram na região e que estavam acordadas;, detalha.
Outras respostas virão com o laudo pericial e com o resultado do exame toxicológico de Edson. O primeiro trará informações sobre a velocidade dos veículos envolvidos, se eles tentaram frear ou desviar antes da batida e se, de fato, o coletivo invadiu a contramão. O segundo apontará se o motorista estava sob efeito de alguma substância psicoativa, como álcool e outras drogas. Legalmente, o delegado tem até 30 dias para concluir o inquérito. Mas se, nesse prazo, considerar que é preciso continuar as investigações, ele poderá pedir à Justiça mais tempo.
O motorista da segunda carreta que colidiu com o ônibus prestou depoimento e continua preso. Ele tinha em aberto um mandado de prisão por receptação. Ele também não tem habilitação para dirigir caminhão. Luiz Carlos Deziecinny, condutor da carreta que tombou após a batida, permanece internado em estado estável. Porém, ele precisará passar por uma cirurgia no ombro esquerdo.
O trajeto do ônibus cruza sete municípios, além do Distrito Federal: Cajazeiras, Petrolina, Morro de Chapéu, Seabra, Barreiras, Formosa e Goiânia. Segundo a Expresso Guanabara, em cada trecho, há troca de motoristas. Portanto, seis profissionais assumem a condução. ;O que dirigia o ônibus no momento do acidente era o quinto. O motorista que dirigia o veículo do acidente em Formosa tinha tido 20 horas de descanso;, destacou a empresa, em nota.
A jornada de trabalho pode chegar a nove horas. Ontem, o Ministério Público do Ceará iniciou um processo de investigação para apurar as condições de trabalho na empresa. ;Em viagens acima de 6h, há um tempo total de parada de 1h, podendo esse tempo ser fracionado. Entre uma jornada e outra, o tempo de descanso deve ser de 11h;, conclui o texto. Edson trabalhava como motorista havia 20 anos ; a contratação pela Expresso Guanabara ocorreu em novembro de 2016. O ônibus tinha sete meses de uso.
Assistência
A Guanabara garante que dará toda a assistência necessária aos passageiros e aos familiares das vítimas. A empresa enviou ao local da ocorrência equipes de Brasília e de Barreiras (BA) para dar suporte nos primeiros instantes após o acidente. A companhia ainda organiza a logística do transporte dos passageiros e dos cadáveres. ;Todas as despesas com a saúde, como exames, medicamentos, além de despesas funerais, serão bancadas pela empresa;, frisa, em nota. A bagagem dos passageiros foi recolhida e entregue aos proprietários. Muitos as receberam ainda sujas de sangue.