O brasiliense enfrentou trânsito intenso na manhã desta quarta-feira (7/2), o primeiro horário de pico desde o desabamento de parte do viaduto do Eixão Sul. Há congestionamento na maior parte das vias expressas do Distrito Federal, mas, até as 8h30, os veículos fluíam bem nas pistas na área central de Brasília, próximo onde ocorreu o desastre na terça-feira.
Nas proximidades do Setor Bancário Sul, onde ainda se vê o viaduto caído, agentes do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF) coordenavam o fluxo. Os semáforos ficaram desligados naquela região. Apesar do volume intenso do tráfego, não houve congestionamento.
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Quem trafega por outras pistas da área central de Brasília percebeu maior movimentação nas vias menores que ligam a Asa Sul à Asa Norte. O trânsito não chegou a ficar parado, mas houve fluxo intenso de veículos especialmente na L2 e na W3, além dos Eixinhos L e W.
O bom fluxo aliviou a rotina de quem se preocupava com a possibilidade de um caos no trânsito. O mestre de obras Robson Vieira Barros, 44 anos, seguia de Valparaíso ao Plano Piloto, caminho que faz diariamente para deixar a mulher no trabalho. "O trânsito está engarrafado, principalmente no Eixo L. Apesar disso, está fluindo. Pensei que fosse estar pior", comenta.
O diretor-geral do Detran/DF, Silvain Fonseca, admite que esta quarta-feira "é um dia de testes". Fonseca sugere caminhos alternativos ao motorista que trafegaria pelo Buraco do Tatu. "Ele pode usar a plataforma superior ou seguir por trás do Conjunto Nacional para acessar o SCS. Se for necessário, pode retornar ao Eixão após o ponto de interdição para ir para o Aeroporto, por exemplo", indica. Fonseca afirma, ainda, que a L4 pode ser usada pelo condutor que geralmente não precisa dirigir na área central de Brasília.
"Solução será demolir"
O engenheiro civil e especialista em patologia de edificações Dickran Berberian está auxiliando o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/DF) na avaliação dos danos provocados à estrutura após o desabamento parcial do viaduto. Ele admitiu a possibilidade demolição da estrutura.
"Precisamos de uma análise mais profunda da estrutura, mas possivelmente a solução será demolir. Tem que submeter o viaduto a uma prova de carga, com o dobro da capacidade do projeto", analisa Berberian. Segundo ele, parte do pilar de sustentação quebrou, e o que sobrou está em balanço, sem apoio. "Nesse estado, a estrutura dificilmente pode ser recuperada. Mas temos que avaliar para ter certeza", pondera.
Para Berberian, mesmo que a equipe de engenharia do GDF seja competente, o governo apenas "apaga incêndios". "Toda estrutura, principal de grande porte, tem que passar por vistorias sistemáticas. O ideal é a cada cinco anos. Uma pontual e uma rigorosa. Brasília está inchando", completa o professor.
Usuários do transporte público também sentem mudanças
Quem vem para a região de ônibus ou metrô e costumava atravessar o Eixão pela Galeria dos Estados também se queixa das mudanças na região provocados pelo desabamento do viaduto.
Agora, para cruzar do Eixo L para o Eixo W ou o contrário, é preciso subir pelo gramado lateal ao Eixão, que é íngreme, principalmente do lado do Setor Bancário Sul.
Vanessa Melo, 23 anos, desce na parada do Setor Bancário Sul, e costumava subir para o Setor Comercial Sul pela Galeria dos Estados. "Achei que o caminho dos pedestres só ficaria interditado no dia. Dar essa volta aumenta muito o trajeto. Antes, eu saía da galeria praticamente dentro do prédio. Agora tenho que subir uma ladeira."
Como emergência, Eixão Sul deve ganhar novas pistas de desvio
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER/DF) vai apresentar, junto ao Detran/DF, um novo plano para evitar caos no trânsito da área central de Brasília enquanto a situação do Eixão Sul não for resolvida. Em caráter emergencial, os dois órgãos pretendem construir novas vias de ligação entre os Eixinhos na região entre os setores Bancário e Comercial Sul.
Segundo o DER/DF, as novas vias liberariam o acesso ao buraco do tatu e contornariam o local do desabamento. A intenção é restaurar a área e deixá-la no formato tradicional após a recuperação ou reconstrução das estruturas danificadas.
"Estamos trabalhando na circulação viária, juntamente com o Detran, para minorar os efeitos do problema com o viaduto. Pretendemos construir um desvio para viabilizar o acesso à região durante a construção do viaduto", afirmou o diretor-geral do DER/DF, Henrique Luduvice. Segundo ele, a liberação orçamentária chegará após contrato emergencial aprovado pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF).