Ontem pela manhã, o garoto, que vestia uma farda e tinha uma arma de airsoft, foi abordado por PMs no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). De acordo com Eduardo Pereira, ele e Thalyson aguardavam a mãe da criança sair de uma consulta quando o menino foi abordado por um policial militar, que teria sido acionado por um vigilante do HRC. "Meu filho estava com o celular quando o PM chegou. Ao invés de pedir com educação para ver a arma e a autorização, ele puxou o documento da minha mão, me xingou e ofendeu meu filho. Depois, ele me algemou à pilastra e outros policiais chegaram", relembra.
Desentendimento
Eduardo foi encaminhado à 23; Delegacia de Polícia (P Sul) e o filho foi levado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). "Ele ficou bastante desapontado. Disse que ia jogar fora as fardas que tinha quando chegasse em casa e que o amor pela corporação tinha acabado. Ele também entrou em desespero quando viu menores sendo presos na DCA e achou que o mesmo aconteceria com ele", conta Eduardo.
Thalyson e o pai foram liberados ontem à tarde. A Polícia Militar não divulgou o nome do policial que realizou a abordagem e informou que, apesar de solicitação para guardar o objeto, o pai do garoto teria desacatado os militares. A corporação afirma, não ter desaprovado o uso da farda pelo menino.
O coronel Alexandre Rodrigues, à frente do 2; Comando de Policiamento Regional Oeste (CPRO II), comenta que os policiais se dirigiram ao hospital após reclamações de pessoas que estavam no local e disseram estar assustadas com a arma da criança. "Essa intervenção foi feita após uma solicitação. As pessoas não entenderam que se tratava de uma criança e que aquela não era uma arma verdadeira. O que a diferencia de uma real é a ponta vermelha que a de air soft tem na frente", diz.
Ainda de acordo com Rodrigues, a Corregedoria da PMDF vai apurar se houve algum excesso na atuação do policial. Thalison também conhecerá outras unidades da Polícia Militar e ganhará um passeio de helicóptero. "Fizemos essa homenagem para minimizar a situação dele e para que essa criança não perca o carinho e a atenção que tem pela farda da PM. A gente acha extremamente válida essa demonstração feita pelas crianças, e ele (Thalyson) tem esse mesmo sentimento de carinho pela corporação e pela PM em geral", complementa o comandante.
* Estagiária sob supervisão de Margareth Lourenço (Especial para o Correio)