Ana Dubeux
postado em 21/01/2018 10:18
Não é curto o caminho de uma notícia falsa. Fake news navegam nas águas turvas e tortuosas da internet. Encontram atalhos para alcançar lugares remotos. Ganham volume nas redes sociais dos indivíduos, cidadãos comuns que inocentemente, muitas vezes, compartilham e ajudam a disseminá-las como um vírus, que se multiplica de forma descontrolada, matando reputações, prejudicando candidatos, influenciando eleições, entre outros prejuízos.
Cada um que é ativo nas redes, que tem grupos de mensagens instantâneas, está sujeito a se tornar um braço de organizações criminosas que deliberadamente trabalham para produzir e distribuir conteúdo falso, usando lugares onde podem ter acesso à internet sem se identificar, celulares, cartões pré-pagos de dados. Lucrar espalhando boatos ou inventando notícias que seduzem ao parecer verdadeiras exige planejamento e dinheiro, mas é uma prática que se tornou modus operandi nas campanhas eleitorais.
Todo cuidado é pouco. Estamos falando de algo sério e perverso. Uns chamam de guerra ideológica; outros de contrainformação; outros ainda de defesa estratégica. Mas você e eu, acostumados a tratar informação como serviço público, podemos chamar de crime ; contra o qual não há punição, nem investigação eficiente. As autoridades públicas ainda patinam nesse tema. A Justiça ainda não tem leis que tipifiquem o delito e que salvaguardem as potenciais vítimas.
As fake news são objeto de estudo e de preocupação no mundo todo ; elas influenciaram e, talvez, definiram as eleições americanas. Também mexeram com outras campanhas mundo afora, inclusive em países desenvolvidos. Para jogar luz e informar sobre riscos e perigos dessa prática, o Correio Braziliense também discute o assunto. Publicamos, desde ontem, uma série de reportagens assinadas por Leonardo Cavalcanti e equipe. Ouvimos mais de 30 fontes. Entre elas, pesquisadores que tentam desvendar como funciona essa indústria milionária de informação falsa. Mas também pessoas que ganham dinheiro para atuar de forma clandestina na disseminação de fake news. Não há inocentes nessa história, como você verá nas matérias.
Também faremos debates sobre o tema, pelo menos três eventos para esclarecer e discutir o poder dessa estratégia de manipulação da opinião pública. O tema é urgente e pede atenção. Estamos caminhando para uma campanha eleitoral explosiva, que já tem todos os elementos para confundir a cabeça do eleitor. Não vamos contribuir para disseminar boatos e informações sem veracidade comprovada. Não seja você um instrumento fácil de manipulação. Antes de compartilhar, preste atenção, reflita e pesquise.