Mesmo com o deficit de 800 pessoas em relação ao número de catadores que trabalhavam no Lixão da Estrutural, a diretora do SLU, Heliana Kátia Tavares Campos, ressalta que faltam pessoas contratadas nas cooperativas. ;Os galpões não estão funcionando efetivamente por falta de pessoal. Muitos ainda não se inscreveram para começar a exercer as atividades;, comenta. Para ter acesso à bolsa de compensação financeira, os catadores devem se inscrever nas cooperativas e exercer uma rotina de serviço.
Irregularidades
É proibida a circulação de pessoas no novo aterro. Só pessoal autorizado poderá desenvolver as atividades no local, onde não haverá coleta de material. Além disso, o GDF vai intensificar a fiscalização acerca de quem despeja lixo em local irregular. A Agência de Fiscalização do DF (Agefis) está autorizada a apreender veículos e notificar quem realiza essa prática.
Inaugurado em janeiro do ano passado, o Aterro Sanitário de Brasília foi projetado para comportar 8,13 milhões de toneladas de lixo durante uma vida útil de cerca de 13 anos. Segundo Rollemberg, haverá um plano para aumentar a durabilidade do espaço. ;Com investimento na coleta seletiva, podemos diminuir o número de resíduos que chegam ao aterro;, explicou o governador.
Até o momento, 17 regiões administrativas são contempladas com a coleta seletiva. Um contrato firmado com mais sete cooperativas nesta semana vai expandir o serviço para outros 11 pontos do DF. A promessa é de que, até o fim do ano, todas as áreas urbanas da capital estejam contempladas com a separação de recicláveis.
O Correio entrou em contato com a Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop), para comentar a situação dos catadores, no entanto, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.
Mecanismos
Especialista em gestão ambiental, Gustavo Souto Maior Salgado, da Universidade de Brasília (UnB), afirma que, para haver a desativação definitiva do Lixão, os outros mecanismos de manuseio dos resíduos devem estar em pleno funcionamento. ;O fechamento do Lixão da Estrutural não pode ser realizado efetivamente agora. Para que isso aconteça, precisamos de toda uma estrutura alternativa funcionando, entre elas, os galpões e o aterro sanitário de Brasília;, afirma.
De acordo com Gustavo, o ideal seria que o Lixão não recebesse mais nenhum tipo de resíduo, para que o espaço seja destinado a outro fim, pois fica ao lado do Parque Nacional de Brasília, que comporta a Bacia de Santa Maria, responsável por abastecer mais de 20% da população da capital. Para o estudioso, além de dar um melhor destino ao lixo, os galpões de triagem de recicláveis envolvem uma questão social. ;Mais de 1,5 mil pessoas dependem do Lixão para sobreviver. Elas precisam ser realocadas nessas instalações para conseguir uma renda;, avalia.
Gustavo ressalta que o Lixão da Estrutural deveria ter sido extinto há muito tempo, para obedecer à legislação federal. ;Brasília é um Patrimônio da Humanidade (título concedido pela Unesco, há 30 anos). É uma vergonha termos o Lixão, que traz tantos problemas ambientais e sociais;, pondera.
"Brasília é um Patrimônio da Humanidade. É uma vergonha termos o Lixão, que traz tantos problemas ambientais e sociais;
Gustavo Souto Maior Salgado, especialista em gestão ambiental