Isa Stacciarini
postado em 05/01/2018 06:36
Um bezerro de 4 meses morreu infectado com raiva bovina. Esse foi o segundo caso registrado no Distrito Federal em 2017. No ano anterior, um animal recebeu o diagnóstico da doença e, em 2015, houve dois registros. Dessa vez, o caso foi no Lago Oeste, área rural de Sobradinho. A contaminação ocorreu provavelmente por meio de da mordida de morcego hematófago, conhecido como morcego-vampiro, que se alimenta do sangue de outros bichos. Veterinários da Secretaria de Saúde confirmaram a doença em 28 de dezembro de 2017 e 2018 começou com ações de combate à patologia em toda zona rural. Letal, mas prevenida com vacina, a doença pode ser transmitida aos seres humanos.
Nos animais a evolução clínica da raiva varia de quatro a sete dias, segundo veterinários. De acordo com a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), todos os outros animais que tiveram contato com o bezerro receberam soro antirrábico e vacina antirrábica. Agentes da Defesa Agropecuária também levaram informações sobre o protocolo de vacinação aos produtores rurais da região.
Responsável pelo Programa de Controle de Raiva de Herbívoros da Seagri, a veterinária Érica Pinto explicou que, na área rural, o principal veiculador da raiva é o morcego-vampiro. ;Durante a mordida, se o morcego for contaminado, há a possibilidade de ele transmitir a raiva para o animal. Provavelmente essa foi a origem do bezerro infectado;, explicou.
Caçar e matar o animal silvestre, porém, é crime ambiental. Só a Seagri pode fazer ações de controle. As equipes capturam o morcego a seleção, dependendo da quantidade de exemplares. ;Alguns são enviados aos laboratórios para fazer exames de raiva, mas é importante destacar que ele é um animal silvestre, presente na natureza, e a maioria não está contaminado. Eventualmente, um ou outro tem o vírus, mas as pessoas não têm autorização para fazer o controle de morcegos;, reforçou Érica Pinto.
Se o produtor rural constatar um dos sintomas da doença ou verificar a mordida de morcego no boi, vaca ou bezerro precisa notificar a Seagri. O contato é obrigatório. O órgão garantiu que realiza o monitoramento dos rebanhos de forma continuada e promove campanhas de vacinação contra raiva em bovinos e equídeos anualmente.
Risco à saúde de humanos
O ser humano pode contrair a doença, em caso de contato com o bovino contaminado. O médico infectologista Hemerson Luz lembra que, ano passado, quatro pessoas morreram de raiva em todo país. No Distrito Federal, segundo a Secretaria de Saúde, o último óbito humano por raiva humana ocorreu em 1978. ;Os mamíferos são os mais afetados pelo vírus da raiva e podem transmitir ao homem por mordida, arranhadura ou lambendo uma lesão na pele humana. O bovino serve como uma sentinela que, naquela região, tem o vírus da raiva circulando;, ressaltou Hemerson Luz.
No entanto, Érica Pinto esclareceu que a patologia não é transmitida por qualquer contágio. ;A pessoa teria que fazer uma manipulação muito específica e mexer com o sistema nervoso do animal. Mas, se o homem for mordido, a possibilidade também existe. Todos os mamíferos podem se contaminar com o vírus da raiva.;
Uma vez o animal contaminado, não há tratamento. A orientação é que um animal morto por raiva bovina seja descartado em uma vala profunda, na propriedade, sem que outros bichos tenham acesso. ;É importante que seja em um local ambientalmente seguro, sem nenhuma fonte de contágio, nem que seja próximo a nascentes;, observou Érica Pinto.
Ajuda
Os produtores que identificarem mordida de morcego em bovino ou que constatarem um dos sintomas da doença nos mamíferos podem ligar para 3340-3862 e 3487-1438, no escritório da Secretaria de Agricultura em Sobradinho