Jornal Correio Braziliense

Cidades

Papais noéis contam sobre experiência de participar da alegria das crianças

Da experiência que traz do seu papel sazonal, alguns bons velhinhos comentam que a cada ano que passa se surpreendem com a inteligência dos pequenos


Contudo, a pureza ainda tem lugar na infância e João confessa que se emocionou diversas vezes com a inocência das crianças. Em um dos episódios mais emocionantes, o Papai Noel ouviu um pedido de presente complicado. Criado pela mãe, uma criança queria ganhar um pai. Ele lamenta que esse não foi um caso isolado. ;Outra vez, um menino, que havia acabado de perder o pai, sentou no seu colo e pediu um pai novo;, lembra. ;Eu não soube o que responder. Acho que, às vezes, representamos a figura de pai para as crianças;, pensa.

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E é o convívio com a inocência dos pequenos que entusiasma outro Noel, Wandyck Dantas, 67, ou como diz para as crianças, sua idade é 367 anos. Para ele, o sorriso que vê nos rostinhos é a melhor parte de atuar como o bom velhinho. ;Toda criança sonha em ver o Papai Noel colocando presentes debaixo da árvore. Mesmo com algumas dificuldades e, de vez em quando, uns puxões na barba, o melhor a se fazer é acolher as pessoas e espalhar as coisas boas que o Natal traz;, assegura.

Há 22 anos encarnando o Noel dos Correios, Marcelo Noronha, 52, diz que representar o bom velhinho é recompensador, principalmente pela alegria dos pequenos durante a entrega dos presentes. Para ele, o trabalho contribui para dar esperança às crianças. ;Sempre acreditei no personagem como uma figura de paz. Sou católico e acredito no amor e no carinho. Para mim, Noel é a personificação de bons sentimentos;, enaltece. Ele conta que se voluntariou para fazer a entrega dos presentes e acabou se encantando com a atividade.

O projeto social é desenvolvido pela empresa Correios há mais de 25 anos. Crianças de todo o Brasil enviam cartinhas fazendo seus pedidos. As solicitações podem ser adotadas por qualquer pessoa que tiver interesse em contribuir com a iniciativa. Este ano, o Distrito Federal somou 25 mil cartas. Um total de 20 mil presentes foram entregues em 80 instituições, entre escolas públicas e creches.

;Antigamente, entregávamos os presentes de casa em casa e, em Brazlândia, em um dos bairros mais pobres, depois de receber o presente, um menino me pediu para esperar antes de ir embora. Ele foi em casa e me entregou um bilboquê, um brinquedo antigo, para me presentear. Provavelmente, aquele era um dos poucos brinquedos que ele tinha, mas o gesto dele me emocionou profundamente;, relembra Marcelo.

* Estagiários sob supervisão de Margareth Lourenço (Especial para o Correio)


Origem


O surgimento da figura do bom velhinho é atribuída à lembrança de São Nicolau, um arcebispo turco que viveu no século 4 e era conhecido por ajudar anonimamente aqueles que passavam por dificuldades financeiras.