Jornal Correio Braziliense

Cidades

Familiares de motorista morto em acidente em Ceilândia pedem por justiça

Condutor envolvido na colisão estava alcoolizado e não ficou preso



Já o outro condutor, Emanuel, saiu ileso. O teste do bafômetro foi feito no local do acidente pela Polícia Militar. Diante do resultado positivo, os militares o conduziram para a 24; Delegacia de Polícia (Setor O). Ele ficou na carceragem do Departamento de Polícia Especializada por menos de 48 horas. Em audiência de custódia feita na manhã da última terça-feira, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), a juíza de direito Patrícia Vasques Coelho considerou que ele poderia responder em liberdade por não ter antecedentes criminais, entre outros requisitos.

O Correio tentou localizar Emanuel, mas não conseguiu. A polícia não informa os contatos e, como ainda não há processo na Justiça, também não foi possível descobrir quem é o profissional que faz a defesa dele.

Ontem a reportagem voltou ao local onde ocorreu o acidente, e, segundo comerciantes, o trânsito nas noites de domingo não é intenso, mas o excesso de velocidade é frequente. ;É uma via em que os carros costumam passar em alta velocidade, acho que precisa de mais sinais e quebra-molas, apesar de, no local do acidente, a sinalização ser boa;, disse Maria Dolores, atendente em uma loja de salgados da região.

No ato de hoje, os manifestantes andarão por cerca de um quilômetro, da Praça da Bíblia até o local da colisão. ;Pedimos que quem quiser nos ajudar no protesto por justiça, que use roupas brancas e leve cartazes e faixas;, pediu o irmão da vítima.

Mais rigor


Na última quinta-feira, o presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.546/2017, que endurece a pena para motoristas alcoolizados que se envolvem em acidentes fatais de trânsito. A pena, que antes era de detenção de dois a quatro anos, agora passa a ser de reclusão de cinco a oito anos, além da suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir um veículo.

Para o professor Artur Morais, doutorando em Transportes pela Universidade de Brasília (UnB), na última década, as punições para quem dirige alcoolizado foram enrijecidas de modo que colocam o Brasil em um patamar aceitável no assunto. ;Hoje, o problema não é relacionado à lei seca, mas, sim, ao nosso Código Penal. Não só quem mata com um carro que acaba respondendo em liberdade, mas também quem usa de uma arma de fogo ou um veneno. É um problema geral;, afirma. ;Quem está bêbado e conduz um carro teve tempo para pensar e tomar aquela decisão, não se pode dizer que são ações vindas de um momento de loucura. Quem dirige alcoolizado sabe e assume o risco do que está fazendo.;