;Não queríamos fazer mais um filme sobre Brasília. Queríamos algo original;, ressalta a outra diretora do documentário, Nubia Santana. Para ela, as histórias e o pessimismo em relação à dificuldade de locomoção para capital e às edificações inimagináveis também serviram de gatilho para a produção do filme. ;Os pioneiros tiveram sonhos e muita garra. Essas pessoas estavam em busca do desenvolvimento próprio e fizeram uma cidade em três anos;, diz. Nascida em Pernambuco, Nubia destaca que está radicada em Brasília. ;Fui acolhida com muito amor e sempre quis fazer uma homenagem;, comenta.
Presente na estreia, Carlos Antônio Leal, diretor-geral da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), comenta que ;a história da Terracap se mistura com a de Brasília. Quem assistir ao documentário terá a noção real de como a cidade começou;, destaca. Ainda não há previsão para mais exibições do documentário, no entanto, os diretores da obra afirmam que a expectativa é de que seja exibido em escolas e em sessões futuras.
Brasileiros de todos os cantos
Mineiros, cariocas, baianos, piauienses, maranhenses, enfim brasileiros de todos estados fizeram parte da composição do Distrito Federal. Mesmo nascendo fora da capital, o amor dessas pessoas pela cidade que construíram Brasília permanece até hoje. A história de José Daldegan Neto, 88 anos, e Maria Caldera Daldegan, 85, começou em Minas Gerais, mas foi construída em Brasília, com a inauguração da cidade. Em 1957, os dois ficaram noivos e três anos depois decidiram vir para a capital construir o seu futuro.
;Ela veio primeiro, concursada como professora. Poucos meses depois, cheguei.Também sou professor, mas não tinha vaga para mim. Fiquei trabalhando em uma empresa de cascalho durante alguns anos;, lembra José. Quando o casal chegou, foram morar nos alojamentos da Candangolândia. Eles relatam que o amor deles se estendeu para a cidade e decidiram ficar. Ao verem o filme, aflorou a emoção do que foi participar dos primeiros anos da capital. ;Foi uma grande surpresa para nós e acabou nos levando de volta ao passado. São tantas lembranças;, ressalta Maria.
O pioneiro Abrão Costa Vale, 71, só teve um emprego até a aposentadoria. Ele chegou a Brasília, em 1960, como topógrafo da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e, em seguida, foi transferido para a Terracap, com a mesma função. O aposentado foi responsável por demarcar diversas áreas do Plano Piloto e sabe até hoje todos os pontos e procedimentos que precisou desenvolver para a construção dos locais centrais da cidade. ;Além de ajudar no surgimento da nova capital, também construí minha família aqui. Participar desse documentário é algo muito importante, até mesmo para contar nossa história, a minha e a de Brasília;, relata.
* Estagiário sob a supervisão de Margareth Lourenço (Especial para o Correio)