Jornal Correio Braziliense

Cidades

Instituições de caridade pedem ajuda para o Natal... e para o ano todo

A proximidade do fim do ano funciona como um incentivo para muitas pessoas ajudarem o próximo, mas instituições que dependem de doações fazem apelos para que ações durem o ano inteiro



Com o Natal se aproximando, as campanhas voluntárias se multiplicam e trazem alegria para idosos, crianças e famílias carentes. No entanto, se nesta época do ano roupas, comida e brinquedos chegam aos montes, depois que passa o Natal, instituições de caridade sofrem para fechar as contas e continuar funcionando com o mínimo de qualidade. Por isso, existe um esforço das organizações para divulgar asilos, creches e orfanatos e fidelizar voluntários.

O asilo São Vicente de Paulo, em Formosa, por exemplo, recorreu às redes sociais para conseguir mais visitas aos 120 idosos que vivem na casa de repouso. Em uma ação muito parecida com a da Casa de Idosos Amor à Vida, em Luziânia, que viralizou na Internet, ajudantes do lar de Formosa pediram para que os moradores escrevessem em um quadro o que gostariam de ganhar no fim do ano. As respostas foram de uma simplicidade tocante: caderno, canetas, cordão e chapéu.

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[SAIBAMAIS]Mas, segundo o diretor do asilo, Valdete Luiz de Sousa, o principal objetivo da campanha é divulgar o trabalho da casa, que depende de doações e trabalho voluntário para se manter durante todo o ano. "A gente ganha muita cesta básica e roupas em dezembro porque as pessoas querem ajudar, mas passou esse período fica muito difícil e não temos nenhuma ajuda do governo. Por isso, queremos fazer um trabalho para o ano todo", comenta.

Para Valdete, realizar o desejo de Natal dos vovôs e vovós do asilo é importante, mas mais significante ainda é a visita de quem se sensibilizou com os pedidos. "As pessoas podem conhecer a nossa realidade. Irão ver o nosso trabalho e saber do que a gente realmente precisa, que é mais do que um presente de Natal no fim do ano", explica.

A casa de repouso em Formosa tem idosos centenários que necessitam de cuidados especiais de enfermeiros, médicos e fisioterapeutas, e, embora o local tenha estrutura pronta para atender a consultas de diversas especialidades, ainda é grande a carência de voluntários. "Qualquer voluntário é aceito. Ultimamente, nós temos contado com o trabalho de dentistas que nos ajudam muito, mas ainda precisamos de fisioterapeutas, psicólogos, médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem." Prova disso é que o asilo tem uma sala de fisioterapia equipada que está praticamente parada por falta de profissionais. "Se a pessoa puder doar meio dia por semana aqui já é uma grande ajuda", diz.

Além dos presentes de Natal para os idosos, a casa de repouso precisa também de uma grande quantidade de leite, fraldas geriátricas de todos os tamanhos e produtos de higiene pessoal. Com todos os presentes em mãos, a organização da campanha irá fazer uma festa, em 24 de dezembro, para entregar as doações a cada um dos moradores do asilo. A comemoração vai começar às 9h30, com uma missa, seguida de um almoço e a entrega dos presentes. A festa é aberta para quem quiser participar.

A casa de repouso fica na Avenida Senador Coimbra Bueno, N; 10, no Jardim Triângulo, Formosa, próximo ao Batalhão do Corpo de Bombeiros da cidade. Mais informações também podem ser obtidas através do telefone (61) 3632-1202.

Natal em Samambaia e Ceilândia

Movimento semelhante também ocorre em instituições que ajudam crianças carentes, segundo a voluntária Meire Sampaio, que promove campanhas para ajudar famílias carentes há 16 anos nas periferias do Distrito Federal. "Eu passo o ano inteiro batendo na mesma tecla e no Natal sinto que consigo amolecer mais o coração das pessoas. Mas, passou esse período, as doações caem bastante", desabafa. Meire conta que muitos dos assistidos preferem uma visita a um presente. "Quando levo as pessoas na comunidade, muitos idosos e crianças chegam a dizer que não precisam de presentes. É aí que a gente percebe que a carência das pessoas não é só material, mas de atenção", diz.

Sampaio atribui a queda nas doações à crise econômica e às despesas do início do ano. "Eu entendo que as pessoas têm as vidas delas, as contas chegam para todos, mas seria bom se não esperassem apenas essa época do ano para se lembrar do próximo", desabafa.

Neste ano, a voluntária organiza uma festa de fim de ano para 410 crianças, de 0 a 13 anos, em Samambaia e Ceilândia. A lista de pedidos dos pequenos é bem simples: pipa, bolinha de sabão, ou cesta básica. "Uma criança pediu um óculos de grau para a avó, isso me deixou comovida porque eles esquecem deles mesmos para pedir para os outros", conta Meire. Também tem pedidos de guarda-chuva, para não chegar molhado na escola, cesta recheada de biscoito, sorvete e sanduíche do McDonald;s.

Segundo Meire, a intenção é levar Papai Noel, brinquedos infláveis, pipoca e algodão doce para as comunidades em festas que vão acontecer entre 17 e 22 de dezembro. Metade dos presentes estão encaminhados, mas muitos ainda aguardam doações. "Temos 260 crianças, mais ou menos, sem presentes. Tem crianças que já tem padrinhos, mas estou correndo contra o tempo para atender a todas."

As doações para a festa de fim de ano das crianças de Samambaia e Ceilândia podem ser entregues no endereço QNP 16 Conjunto F Casa 02, no P Sul. Ou ainda no ponto de entrega que fica no restaurante Bierfass, no Pontão do Lago Sul. Mais no (61) 98623-9410.

Confira os pedidos que ainda não foram atendidos: