A primeira edição da Semilla, em 2016, reuniu 30 expositoras. Este ano, o número é um pouco menor, mas Tatiana reparou na enorme quantidade de zineiras que se inscreveram. O formato é simples, acessível e barato, o que contribui para a divulgação. Nessas publicações, há um pouco de tudo, de quadrinhos, ficção e poemas a receitas, opiniões e desenhos.
Diversidade
O caráter de ativismo da feira não se restringe aos temas dos quais tratam as autoras. Tatiana lembra que só o fato de serem negras, lésbicas ou trans e estarem publicando já é um ato de ativismo. O conteúdo, ela defende, não precisa nem deve estar preso a essas questões, embora seja natural que as autoras escrevam sempre de um ponto de vista subjetivo.
;Tem bastante diversidade a produção, não são temas específicos. O patriarcalismo e o racismo produzem financiamento de determinados corpos e expressões, então só de elas estarem produzindo, já é um ativismo. O racismo não pode prender a gente no tema. Temos direito à expressão literária do sublime;, diz. Todas as mulheres que se inscreveram foram incluídas na feira. Tatiana não fez nenhuma seleção. O único cuidado foi atentar para que pelo menos metade das participantes fossem negras.
Propositivo
Para que houvesse representatividade significativa, Tatiana tomou o cuidado de difundir a chamada para a Semilla entre as redes de mulheres negras, de ativistas feministas e de mulheres travestis e transexuais. Ela mesma já participou de eventos de publicações independentes como a Dente e a Motim, o que ajudou nos contatos. ;É um cenário muito fértil, ao mesmo tempo crítico e desconstrutivo, propositivo e construtivo, e que tem inspirado o surgimento de uma leva de coletivos de mulheres;, aponta.
Durante o evento, além dos estandes de vendas das publicações e dos objetos, haverá também sarau de poesia com Lara Nogueira, performance de Maria Léo Araruna, que vai encenar o Manifesto Trav(Eco)-Ciborgue, e lançamento do livro Nós, trans ; escrevivências de resistência, do grupo Transcritas Coletivas.
Uma roda de conversa sobre literatura negra reúne Paula Gabriela, do projeto Lendo mulheres negras, Calila das Mercês, do Escritoras negras da Bahia, e Ana Flávia Magalhães, do selo Maria Firmina dos Reis. Literatura lésbica também é tema de bate-papo com Julianna Motter, Victória Sales e Nina Ferreira. Também está programada a exibição do filme Mulheres do barro, de Edileuza Penha de Souza, que vai conversar com o público após a sessão.
Programação
10h Abertura com performance de Lidi Leão
10h30 Poesia com Lara Nogueira
11h Roda de conversa Literatura Lésbica: Nina Ferreira, Julianna Motter e Victória Sales. Mediação: Tatiana Nascimento.
12h30 Lançamento de livro Espevitada, de Noélia Ribeiro (poemas)
12h45 Exibição do filme Mulheres do barro, de Edileuza Penha de Souza, seguida de roda de conversa com a diretora
14h Roda de conversa Literaturas negras: Paula Gabriela (projeto Lendo Mulheres Negras), Calila das Mercês (projeto Escritoras Negras da Bahia), Ana Flávia Magalhães (selo Maria Firmina dos Reis da Biblioteca Nacional). Mediação: Luciene Rêgo
16h00 Manifesto Trav(Eco)-Ciborgue, performance de Maria Léo Araruna
16h30 Lançamento do livro Nós, trans - escrevivências de resistência, do grupo Transcritas Coletivas, com participação
de autorxs e leitura
17h30 Sarau Quanta, com declamação de poesia com Victória Sales (SP), lançando o livro de poemas Um jazz pra duas, Nina Ferreira, Nanda Fer Pimenta e apresentações musicais de Moara, Beatriz Águida, Daniela Vieira e Tatiana Nascimento. Apresentação de Jana Almeida, da Força Afro Brasil
20h Encerramento
Semilla ; Feyra de publicadoras
Sábado, das 10h às 19h, no Ernesto Cafés Especiais (CLS 115, Bl. C, Lj 14) 44 Produções, Pareia Comunicação e da ONG Força Afro Brasil