Cidades

Despedida de Evaristo de Oliveira reúne centenas no Campo da Esperança

Centenas de pessoas acompanharam o sepultamento, na Ala dos pioneiros, de um dos profissionais mais reverenciados de Brasília, Evaristo de Oliveira. Familiares, amigos e ex-funcionários do Correio não pouparam elogios

Rodolfo Costa , Ricardo Daehn, Luiz Calcagno
postado em 26/11/2017 08:00
Centenas de pessoas acompanharam o sepultamento, na Ala dos pioneiros, de um dos profissionais mais reverenciados de Brasília, Evaristo de Oliveira. Familiares, amigos e ex-funcionários do Correio não pouparam elogios
Um lorde gentil, íntegro, cordial, amável, educado e respeitoso. Na despedida de Evaristo de Oliveira, não faltaram adjetivos para expressar as qualidades do grande homem e profissional. Em clima de comoção, mas também de sobriedade, pelo menos 300 pessoas ; entre familiares, amigos, ex-funcionários do Correio, empresários e autoridades políticas ; passaram ontem pelo Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, para dizer adeus àquele que foi mais do que um pioneiro de Brasília: um grande marido, pai, avô, irmão, amigo e empreendedor.

Todos os presentes na Ala dos pioneiros não economizaram nas palavras para exaltá-lo. Muito menos os filhos. Guilherme Oliveira, 36 anos, enalteceu o legado e o exemplo do pai. ;Falar dele é fácil e difícil ao mesmo tempo. Foi o meu grande exemplo de pessoa, de profissional, de tudo. Deixa um legado enorme, marcado pela honestidade, simplicidade, profissionalismo e amizade. Recebemos tantas mensagens de carinho que acho que nem ele mesmo imaginava o tamanho que tinha;, afirmou.

A missa de sétimo dia de Evaristo será na terça-feira (28/11), às 20h, no Santuário São Francisco de Assis, que fica na 915 Norte.

Comovida, a filha Gabriela Macpherson, 39, ainda tentava assimilar a perda. ;Pouco antes do ocorrido, nós estávamos juntos, sorrindo. Ainda estamos aceitando a ideia. A ficha não caiu. Ele foi um ótimo exemplo. Sempre nos incentivou a estudar, viajar e conhecer o mundo;, disse. Muito abalada e sempre ao lado do caixão, a mulher de Evaristo, Regina conversou com amigos e familiares e recebeu conforto.


O mais novo dos irmãos de Evaristo, Abílio Antônio de Oliveira, 64, se emocionou ao ressaltar a importância do vice-presidente do jornal. ;É uma dor muito grande. Perdemos os pais muito cedo, e ele foi um segundo pai para nós todos. Era o norte da família;, contou. O primeiro emprego, inclusive, veio aos 15 anos, quando atuou com o irmão mais velho, no Correio Braziliense, em 1969. ;Durante toda a vida, ele foi sempre uma pessoa especial. Sempre dedicado, competente e sério;, recordou.

[SAIBAMAIS]A dor e a tristeza da família também foram sentidas pela irmã Valda Luzia de Oliveira, 69. ;Estamos passando por uma grande dor. Mas sabemos que, quando chega a hora, Deus leva. E leva, primeiro, os melhores. Ele era um irmão maravilhoso. Uma pessoa que cuidou da família a vida inteira. Era venerado por todos. Um grande líder e um grande executivo. Grande pessoa. Deixou o legado de um guerreiro. Um jovem que veio de Brasília no começo de tudo. Conquistou um trabalho de datilógrafo e chegou onde chegou;, destacou. O único tio vivo de Evaristo, Jader de Oliveira, 75, também participou da cerimônia. ;Ele deixa as melhores lembranças. Era uma pessoa trabalhadora e dedicou toda a vida ao Correio Braziliense;, ressaltou.

Centenas de pessoas acompanharam o sepultamento, na Ala dos pioneiros, de um dos profissionais mais reverenciados de Brasília, Evaristo de Oliveira. Familiares, amigos e ex-funcionários do Correio não pouparam elogios

Unanimidade


O velório de Evaristo durou pouco mais de quatro horas. Às 12h35, um carro chegou à Capela 10 para buscar o caixão. Foi preciso outro para carregar as coroas de flores. Antes de seguir para o cortejo, familiares rezaram o Pai Nosso. A despedida contou, também, com a presença do melhor amigo, o empresário Avaldir da Silva Oliveira, 66. A amizade entre os dois durou quase 35 anos. ;Vem desde 1983. À época, eu era fundador da CTIS, e o Correio Braziliense começou o processo de informatização. Não medíamos esforços e trabalhávamos até altas horas. E, dessa convivência, surgiu uma amizade muito forte;, revelou.

Com o mesmo sobrenome, alguns pensavam até que Evaristo e Avaldir eram irmãos. ;A minha mulher costumava dizer que éramos mais irmãos do que amigos. Nós almoçávamos juntos uma vez a cada dois meses e trocávamos ideias;, recordou. ;Após a morte da minha mãe, em 2006, começamos a passar todo Natal juntos. Sempre nos encontrávamos no dia 24. Conversávamos com dois ou três dias de antecedência só para confirmar, pois era uma coisa que estava certa;, acrescentou.

Outro grande amigo, o presidente do Correio Braziliense, Álvaro Teixeira da Costa, também ressaltou as qualidades de Evaristo. Emocionado, ele ressaltou a unanimidade do amigo. ;É um irmão querido. Sempre teve uma palavra de amizade, carinho e compreensão aos nossos arroubos;, contou. O vice-presidente faleceu na quarta-feira, no Hospital Santa Luzia, na Asa Sul. Apesar de agradecer a dedicação e a competência no atendimento, Álvaro questiona as informações dadas a ele pelo centro clínico. ;Não tenho respostas convenientes da real situação em que ele chegou ao hospital e gostaria de tê-las. Gostaria que as minhas dúvidas fossem esclarecidas. Não terei paz se não souber sobre o dia em que ele chegou lá;, declarou.

Antigos funcionários do Correio também compareceram ao funeral. Mesmo tendo saído do jornal há mais de 15 anos, Miguel Libanês despediu-se de Evaristo, um de seus primeiros empregadores. ;Entrei na empresa aos 18 anos, em 1982, como office boy. Sempre tive uma relação de muito respeito com ele, que me ajudou a entrar para o Departamento Financeiro, onde trabalhamos juntos por mais de 15 anos;, enfatizou. Mesmo fora da empresa, ele ainda recebeu auxílio do vice-presidente para conseguir outro emprego. ;Ele se importava muito com cada pessoa que trabalhava na empresa. Tanto que quando eu disse que tinha desejo de ir para outra, ele que me indicou para uma nova vaga;.

Ex-secretária do Correio, Tânia Oliveira recordou com carinho de Evaristo. ;Mais do que um amigo, perdi um protetor, um anjo da guarda. Jovem, lindo e meigo. O lorde que o Correio tão bem descreve. Tínhamos um vínculo, como se fosse um irmão;, relembrou. ;Numa situação especial, com a internação de uma das minhas filhas num hospital particular, ele me acalmou. Nunca esqueço quando me disse: ;Tânia, você tem salário, 13;, FGTS, e tem o Correio;. Ele sentia o que nós, funcionários, sentíamos;, comentou.

Centenas de pessoas acompanharam o sepultamento, na Ala dos pioneiros, de um dos profissionais mais reverenciados de Brasília, Evaristo de Oliveira. Familiares, amigos e ex-funcionários do Correio não pouparam elogios

Depoimento


;Vai ficar uma referência;

;O Evaristo foi uma pessoa que soube construir várias amizades ao longo da vida. Todos estão muito tristes com essa morte inesperada. Tínhamos algo em comum, além da política, pois tenho uma fazenda muito próxima da região onde ele nasceu, em Luziânia. Então, tive a oportunidade de conhecer sua cidade, seus parentes e sua trajetória. O que chamava a atenção no Evaristo, além do seu amor e compromisso por Brasília, era o seu equilíbrio. Ele era uma pessoa muito sensata, que sempre utilizou o poder que tinha para fazer o bem em prol das nossas cidades e unir pessoas.

Evaristo era um bom amigo, foi uma pessoa que tive a oportunidade de gozar da amizade por muitos anos. Convivi com Evaristo e sempre admirei sua capacidade de trabalho, sua cordialidade e o jeito sereno de tratar dos assuntos mais diversos e complexos sem nunca perder a tranquilidade. Pioneiro, Evaristo ajudou Brasília a se consolidar como a capital de todos os brasileiros. No Correio, ajudou a construir a sua história, que é a de todos os brasilienses.

Não podemos perder a referência que ele foi para todos nós. Evaristo era um exemplo de bom senso. Ele soube como viver em um mundo tão complicado. Ele se vai e deixa muitos amigos tristes. Brasília sofreu uma perda muito grande, mas vai ficar uma referência para todos nós, que queremos um mundo melhor e que buscamos uma cidade melhor.;

Rodrigo Rollemberg, governador do Distrito Federal

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