Contudo, mesmo as situações mais severas acabaram prejudicadas. A recepcionista Giselly Thainara da Silva, 24 anos, esperou sete horas para ser atendida no Hmib. A filha dela, Sophia da Silva, 4, está com suspeita de dengue.
"Antes de chegar ao HmiB, eu passei pelos hospitais regional do Guará, da Asa Norte (Hran) e pelo posto de saúde da Candangolândia. Está tudo igual: sem atendimento. Alguma coisa deve ser feita para mudar isso. Como fica quem precisa de atendimento?", reclama.
"Insalubre"
Um pediatra contou que o lixo hospitalar e o comum estão acumulados nos corredores e consultórios. "Para atenuar a situação, estamos recolhendo na medida do possível, mas não é o adequado. Há espaços sem condições de funcionar. É insalubre", ressalta.
O vigilante destaca que há sacos amontoados, com vazamento de líquidos e mau cheiro. "Tem gente da limpeza trabalhando, mas não a contento da necessidade do hospital. Acredito que se a greve durar mais uma semana vamos entrar em estado de caos", argumenta.
Uma das enfermeiras que recolheu lixo é categórica: é um risco lidar com lixo hospitalar sem treinamento. "A gente sabe como fazer o descarte, mas não se tem sacos, higienizadores e até o álcool para limpeza está faltando. A cada dia cresce o risco de contaminação", conclui.
Apesar da situação, a Secretaria de Saúde garante que não houve prejuízos ao atendimento dos pacientes. "Nenhum atendimento foi interrompido nas unidades em razão da greve", destaca a pasta, apesar de os servidores e as placas na porta das unidades informarem o contrário.
[SAIBAMAIS]Segundo o Executivo local, todos os débitos foram pagos. "O pagamento é realizado por meio de despesa indenizatória, o que quer dizer que a secretaria paga pelos serviços prestados por dia. Como o pagamento já foi realizado, a pasta aguarda que os trabalhadores destas empresas retornem ao serviço", ressalta o texto.
Ao menos 1,5 mil terceirizados responsáveis pela limpeza paralisaram suas atividades. O SindServiços diz que 30% do efetivo continua trabalhando em esquema de revesamento. Duas empresas prestam este tipo de serviço nos hospitais. Os funcionários terceirizados recebem salário de R$ 1.052,22 e tíquete-alimentação de R$ 27,50 por dia.
Negociação para não cortar o ponto
A secretária-geral do SindiServiços, Andréa Cristina da Silva, confirmou que os salários começaram a ser pagos no início da tarde desta segunda-feira (20/11). "Os primeiros pagamentos caíram na conta por volta do meio dia, mas nem todos os trabalhadores receberam ainda", conta.
Com a quitação da dívida, alguns servidores voltaram aos postos de trabalho por volta das 14h. Contudo, o movimento grevista pode ser retomado. É que sindicato e governo ainda não entraram num consenso se o ponto dos servidores será cortado durante os oito dias de greve.
"Começamos a negociar essa questão hoje. Amanhã, teremos outra reunião ainda não tive resposta do governo, mas a categoria continua mobilizada para a greve caso não haja acordo", alerta Andréa.