De acordo com o delegado Marcos Paulo Loures, investigações apontam uma série de irregularidades na prestação dos serviços. "Empresas irregulares pagavam empresas regulares para fazer o transporte do corpo", relata. Em uma das ações registradas pela polícia, conta, um caixão chegou a ser trocado de um carro para outro no meio da pista.
Loures relatou, ainda, que algumas testemunhas disseram que há funerárias totalmente irregulares no DF. "Vísceras e sangue correm pela rede comum de esgoto em funerárias que funcionam no fundo de quintal de casas", indica.
Em entrevista coletiva à imprensa, o delegado responsável pela operação citou ainda o relato de testemunhas segundo as quais algumas empresas chegariam a cortar os corpos de pessoas muito altas para que coubessem nos caixões. Porém, Loures ressaltou que ainda não há elementos suficientes para incriminar funerárias por esse tipo de ação. "Ainda são relatos que nós vamos apurar", ponderou.
No canal de rádio da Polícia
[SAIBAMAIS]A nova etapa da operação apreendeu um carro funerário que não tinha registro para esse tipo de transporte e 37 rádios transceptores em uma empresa no Cruzeiro. Investigadores suspeitam que esses equipamentos funcionavam com a mesma frequência da Polícia Civil ; passada para os chamados "papa-defuntos" por um agente aposentado ;, para obter informações privilegiadas sobre os corpos que chegavam ao Instituto de Medicina Legal (IML).
Esses rádios, inclusive, ligaram a primeira com a segunda fase da operação. "Testemunhas e relatos dos presos nos levaram a essas outras funerárias", explicou o delegado Marcelo Zago, diretor da Divisão de Assuntos Internos da Corregedoria-Geral de Polícia
Porém, nenhuma das 16 empresas envolvidas nas oitivas desta sexta-feira (17/11) têm relação provada com os presos na primeira fase. "Antes, desmanchamos duas organizações criminosas. Agora, há indícios de que essas empresas iam contra a livre concorrência", acrescenta Zago.
Relembre a operação
Em 26 de outubro, a Polícia Civil desmanchou a quadrilha, que ficou conhecida como Máfia das Funerárias. O grupo enganava parentes de mortos ao oferecer a liberação mais rápida do corpo com atestados de óbito falsos.
Por telefone, "papa-defuntos" informavam, apenas com base no relato da familiar, a causa da morte da vítima. Segundo investigadores, os criminosos chegavam a usar a frequência de rádio da própria Polícia Civil para interceptar conversas sobre a chegada de corpos ao Instituto de Medicina Legal (IML).
Um dos acusados, o médico Agamenon Martins Borges, cobrava até R$ 10 mil pelos atestados.