Esse tipo de crime, quando os bandidos retêm as vítimas para ter tempo de escapar depois de levar veículos e objetos de residências, aumentou12,25% nos nove primeiros meses deste ano, em comparação com 2016. Com cinco casos registrados de janeiro a setembro deste ano, o número de ocorrências de sequestro relâmpago no Distrito Federal se manteve igual em relação ao mesmo período de 2016.
Independentemente das estatísticas, esses crimes assustam a população. No caso do rapaz, apesar de não ter sofrido violência física, ficou sob ameaça do trio de criminosos e teve o celular e carro roubados. Ele relatou o ocorrido a policiais militares e, como o veículo tem sistema de localização, foi possível chegar aos criminosos e um deles foi preso, em Taguatinga Sul. Até o fechamento desta edição, os outros dois continuavam foragidos.
Marcas profundas
Ficar sob a mira de um revólver ou ser mantido em poder de criminosos deixa marcas profundas nas vítimas. Com medo, as pessoas sentem-se inseguras e, muitas vezes, precisam de ajuda psicológica.
Em maio de 2016, a terapeuta ocupacional Rayssa Trajano, 27 anos, passou uma hora e meia sob o poder de três assaltantes. ;Até hoje, para mim, é difícil sair sozinha. Mas sigo em frente, faço acompanhamento psicológico;, admite. Eram 20h30 quando Rayssa estacionou o carro junto a um fast food, no centro de Taguatinga, para encontrar os amigos. Ao sair do carro, o terror: um bandido armado a rendeu e exigiu que fosse para o banco de trás. Dois outros criminosos entraram com ela. Sentada no meio, ela obedeceu às exigências: ficou de cabeça baixa e passou o celular.
;Um deles disse que não teria utilidade, por causa do rastreador, mas ficou com meu celular até me abandonarem em um matagal perto da Granja do Torto;, relembra.
Tempo de fuga
O delegado-chefe da Divisão de Repressão ao Sequestro, Leandro Ritt, trabalha há 10 anos com esses tipos de caso. ;Para garantir impunidade e mais tempo para a fuga, eles permanecem com a pessoa durante um tempo;, explica Ritt. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, durante todo o ano de 2016, foram registrados 508 casos de roubos em que a vítima é mantida em poder dos assaltantes.
Os registros revelam que o roubo com restrição de liberdade cresceu 12,25%, em 2017: foram 394 ocorrências, nos nove primeiros meses deste ano, contra 351, no mesmo período de 2016. O número de sequestros relâmpago se manteve estável: ocorreram cinco casos, tanto nos nove primeiros meses de 2016, quanto no mesmo período de 2017. De outubro a dezembro de 2016, houve novos cinco registros, e o ano fechou com 10 ocorrências.
Ritt avalia que os crimes de sequestro relâmpago não cresceram devido ;ao endurecimento da pena, em 2009, que tem sido em torno de 12 anos. Ele diz que hoje não há nenhuma quadrilha fazendo este tipo de crime no DF.
O delegado aconselha que seja qual for a situação, ;a orientação é nunca reagir, porque as chances são mínimas;, alerta Ritt. Assim como os policiais civis, os militares são unânimes em orientar a população para não reagir, qualquer que seja o tipo de situação enfrentada. ;Em todos os casos, recomendamos que a vítima não reaja, não faça movimentos bruscos nem encare o criminoso;, reforça.