Jornal Correio Braziliense

Cidades

Em dia de paralisação na PCDF, população não consegue registrar ocorrência

Desde a manhã desta quinta, cerca de 4.500 policiais civis estão parados e só fazem registros de flagrantes e ocorrências graves

Quem procurou alguma delegacia do Distrito Federal para fazer ocorrência, nesta quinta-feira (26/10), não conseguiu. Desde a manhã de hoje, aproximadamente 4.500 policiais civis estão paralisados e só fazem registros de flagrantes, ou ocorrências graves, como homicídio, latrocínio e estupro. O expediente volta ao normal na manhã desta sexta-feira (27/10). Os servidores da corporação reivindicam a equiparação salarial com a Polícia Federal, que conseguiu reajuste de 37%, parcelado em três anos.

Na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), uma agente informou ao Correio que, no período da manhã, várias pessoas procuraram a unidade, mas que foi solicitado que retornassem a partir das 8h de amanhã. A doméstica Cida Oliveira, 37 anos, esteve na 21; DP (Taguatinga Sul), pois perdeu o documento de identidade. Ao chegar na porta, foi informada de que teria de voltar no dia seguinte. "Foi viagem perdida. Nunca aconteceu isso comigo, então não sabia como funcionava. Agora é ficar mais um dia sem documento e voltar amanhã", contou. No Complexo da Polícia Civil, próximo ao Parque da Cidade, agentes estavam na entrada para fazer a triagem de quem podia entrar: apenas servidores ou serviços que já estivesse em funcionamento.

Futuro

A próxima assembleia para decidir o futuro da categoria está marcada para a próxima terça-feira (31/10). Até o momento, o governo não sinalizou nenhum tipo de conversa. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), Rodrigo Franco, alerta que é possível que, na próxima reunião, ocorra um aumento do prazo das paralisações. "Até agora nada, silêncio total. O mesmo desde o início da gestão do governador. Há recurso para negociar com a gente, mas ele não quer. Isso que estamos fazendo é uma demonstração da nossa insatisfação", criticou.

[SAIBAMAIS]Um outra ação decidida em assembleia é a suspensão das investigações por tempo indeterminado. De acordo com Rodrigo, não há recursos para que esse serviço continue. "Os policias estão sobrecarregados. Um ou dois policiais por caso não são conta. Não temos condições para continuar desse jeito. Falta gente", reforça.

Dilema


A negociação entre os policiais e o GDF se arrasta desde o início da atual gestão. Em setembro de 2016, o governo apresentou proposta ao movimento, a qual foi recusada. O governo ofereceu aumento de 8% em 2018; 7% em 2019; 8% em 2020; e 10% em 2021. À época, os agentes e os delegados disseram que a tentativa de acordo não garante a paridade com a PF. O secretário da Casa Civil, Sérgio Sampaio, defendeu que, no fim do processo de aumento salarial, o impacto seria de R$ 545 milhões para os cofres públicos.

Apesar de o governo alegar que falta verba para fazer o reajuste solicitado, a categoria afirma que a fonte de despesa que garante o reajuste para a paridade salarial com Polícia Federal é o Fundo Constitucional, que este ano ficou em R$ 13 bilhões.

Na semana passada, representantes dos policiais foram a uma reunião com o secretário-adjunto da da Casa Civil, Fábio Rodrigues Pereira, para solicitar um encontro com Rollemberg, mas não foram recebidos. A negativa piorou ainda mais a relação entre o Executivo local e a categoria. Na ocasião, Franco chegou a dizer que o GDF não tem interesse em resolver a situação que foi prometida por ele ainda na campanha quando queria ser eleito. A partir dessa falta de acordo, eles decidiram fazer a assembléia para decidir os próximos passos e se mostraram dispostos a futuras greves.