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Cidades

Escola de Música: novo projeto amplia relação com cidade e promove reformas

A primeira etapa de apresentações leva ao brasiliense o espetáculo Brasil clássico caipira e o musical Os saltimbancos



O projeto Concerta EMB nasceu a partir da vontade de produzir espetáculos de qualidade na Escola de Música de Brasília, expandir sua relação com o público e gerar renda para reparar toda a parte elétrica do espaço. A iniciativa reúne alunos, professores, músicos e outros profissionais empenhados em manter vivo um dos maiores patrimônios culturais do Distrito Federal.

A primeira etapa de apresentações leva ao brasiliense o espetáculo Brasil clássico caipira e o musical Os saltimbancos. As próximas atrações sobem ao palco em novembro e dezembro e serão reveladas em breve pela Escola. A ideia é que o projeto se torne permanente, aumentando de maneira constante a produção e circulação de espetáculos profissionais na EMB.

O Concerta EMB foi criado de maneira conjunta pelo maestro Joaquim França, que toca no primeiro concerto, pelo percursionista e iluminador Thiago de Lima Cruz, que cuidou da produção dos espetáculos, além da participação de toda a comunidade acadêmica, que ajuda na construção de cenários, iluminação e outras especificidades de um espetáculo cênico. O músico destaca que a instituição tem grande importância histórica e cultural para Brasília e que formou bons músicos por diferentes gerações.

As parcerias foram feitas entre músicos que trabalhavam com o formato de concerto e estavam interessados em ajudar a escola. ;Antigamente a escola apresentava vários concertos para o público e eles diminuíram até que restassem apenas os recitais de formatura. Quando essas apresentações diminuíram, a escola perdeu parte de seu anteparo artístico e sua relação com a comunidade. Queremos retomar esse envolvimento;, destaca.

A produção é feita por alunos com o apoio da direção da escola. Para o primeiro espetáculo da série, os artistas apresentavam canções da música caipira regional tocadas em um formato orquestral, com quinteto de cordas, violão, viola caipira, piano. Para Thiago de Lima, o projeto se destaca pela possibilidade de ampliar a agenda cultural de qualidade da cidade e possibilitar que a estrutura do espaço da escola se torne melhor. ;Queremos também introduzir a cultura do espetáculo na escola, mostrar que o músico não precisa ficar esperando (datas oficiais), ele pode se autoproduzir, criar seus próprios concertos e se manter no mercado;, lembra o musicista.

Atualmente a EMB, referência no Brasil e no exterior, oferece cerca de 100 cursos gratuitos para diferentes faixas etárias, com musicalização infantil, juvenil e de adultos. Há ainda cursos de nível médio e de formação continuada para professores. Os teatros da escola são também salas de aula, onde acontecem as aulas de orquestra, bandas, práticas de conjuntos e recitais, sendo assim, os palcos da EMB são constantemente vivos e em movimento. De acordo com Edilene Abreu, diretora da EMB, o projeto visa consertar a estrutura da instituição, que precisa de diversos reparos, por meio de concertos musicais. ;Todo o investimento do dinheiro terá essa finalidade. É muito gratificante para nós, professores e alunos, contarmos com a presença de toda a comunidade do Distrito Federal em mais uma iniciativa da nossa escola;, ressalta.





Renovação

Para atrair um público maior e expandir o alcance da entidade educacional, alunos e professores participam de outros projetos, como o ;Hoje a aula é aqui;, quando o aprendizado musical é feito em lugares alternativos e inusitados, como o parque da cidade e outras áreas de intensa movimentação pública. ;Nesses momentos abrimos o aprendizado da instituição para um público maior e criamos a possibilidade de que mais gente tenha acesso a esses processos criativos;, conta Thiago. A ideia é profissionalizar e tornar mais atrativos os concertos das apresentações do local.

[SAIBAMAIS]Para o músico, o que mais se destaca é o material humano forte e a possibilidade de democratização do aprendizado musical. ;Temos cursos muito bons, com estrutura boa e todos gratuitos. A escola mistura instrumentos clássicos e contemporâneos de diferentes estilos que coexistem de maneira harmônica em um mesmo local, transformando o local em um espaço de criatividade e aprendizagem constante;, destaca Thiago. A EMB é um espaço de resistência e, mesmo com diversos espaços culturais fechados em Brasília, permanece em atividade ao longo dos anos com muita luta daqueles que frequentam ou frequentaram seus espaços em anos anteriores.


Concerta EMB ; Brasil clássico caipira

Dia 26, no teatro da Escola
de música de Brasília (SGA/Sul Q. 602, projeção D, parte A), às 21h. Musical
Os saltimbancos, dia 29, às 16h30 no Teatro da EMB.
Os ingressos custam R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira) e a classificação indicativa é livre.


"Quando as apresentações de concertos diminuíram, a escola perdeu parte de seu
anteparo artístico e sua relação com a comunidade. Queremos retomar esse envolvimento;
Thiago de Lima Cruz


Primeira etapa
O maestro Joaquim França cuida da regência para as apresentações do Brasil Clássico Caipira, primeira etapa da série de concertos feitos pela EMB. A ideia é prestar uma homenagem à música caipira brasileira com um ar de música clássica e uma roupagem diferente, criado pelo maestro e arranjador. No repertório, canções como Chico Mineiro, Luar do sertão, Chalana e Cálice.



Memória
Patrimônio vivo


A Escola de Música de Brasília abrigou o início de carreira de artistas importantes, como Hamilton de Holanda. A entidade tem mais de quatro décadas de atividade e é reconhecida como importante espaço para formação e profissionalização de músicos da região. A falta de reformas e de investimento para a manutenção da estrutura e dos instrumentos preocupa professores e estudantes, que se reúnem para manter vivo seu patrimônio criativo.

A EMB remete ao tempo da fundação de Brasília e nasceu em meio à efervescência cultural da década de 1960, com a ajuda do trabalho de artistas importantes, como o maestro Levino Ferreira de Alcântara. Na época, o maestro iniciou um projeto para o Madrigal de Brasília, reuniu músicos da cidade para o Coral de Brasília em apresentações semanais na Rádio Educadora de Brasília e deu voz à vontade de manter a produção criativa em atividade.

O projeto ganhou destaque e a EMB foi oficializada em 1964, tento sua sede construída, na 602 Sul, em 1974. A gestão atual, iniciada em fevereiro de 2017, é comandada pela professora Edilene Abreu, tendo como vice-diretor o professor e flautista Davson de Sousa.