[SAIBAMAIS]Muitos registros contêm o carimbo ;Confidencial; e os timbres de diversos órgãos de repressão, incluindo o temido Doi-Codi. São documentos das operações realizadas por agentes do regime comandado por generais, até então mantidos sob segredo. O Arquivo Público permitiu consultas ao acervo da Secretaria de Segurança Pública.
O Correio foi o primeiro veículo de comunicação a publicar esse conteúdo, por meio de uma série de reportagens. Ela trouxe o que de mais significativo havia em meio às quase 100 caixas de documentos com informações de 1963 a 1990, guardadas há mais de 50 anos e garimpadas pelos repórteres Renato Alves, Helena Mader e Adriana Bernardes, da editoria de Cidades.
Renato Alves foi quem soube da abertura do acesso público aos documentos. ;A informação saiu em uma nota do Diário Oficial do DF. Era um comunicado simples, burocrático, que não dizia muita coisa. Mas percebi que a documentação poderia trazer informações preciosas. Corri para o Arquivo Público. Passei quatro dias lá, pinçando o que achava de mais interessante;, conta o jornalista, que trabalha há 17 anos no Correio.
Futuro da nação
Entre os temas mostrados estavam o plano de atentado do Hezbollah em Brasília, a desconfiança do envolvimento de padres e bispos católicos com grupos armados e investigações que levaram a dezenas de prisões de militantes de esquerda e de gente inocente em todo o Distrito Federal (veja fac-símiles). ;A produção da série foi um trabalho incrível de resgate do passado de Brasília. Alguns temas, como a realização de pegas nos anos 1970 e 1980, faziam parte do imaginário popular dos brasilienses e geraram uma grande repercussão após a publicação das reportagens;, conta a repórter Helena Mader. ;Foi uma oportunidade de revisar o passado e pensar no que se quer para o futuro da nação;, diz Adriana Bernardes.