Cidades

Falhas para prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis

Pacientes reclamam que os exames de monitoramento e medicamentos faltam regularmente

Otávio Augusto
postado em 09/10/2017 19:56
A demanda crescente de pacientes com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) na capital federal exige das autoridades públicas maior empenho no controle e na prevenção desses males. As falhas no atendimento dessa parcela da população, sobretudo aqueles que convivem com a Aids, reclamam da falta de investimentos no setor. Na edição desta segunda-feira(9/10), o Correio mostrou que a Secretaria de Saúde notificou mais de 29 mil novos casos de DSTs entre 2010 e 2015.
Pacientes reclamam que os exames de monitoramento de carga viral ; que mede a distribuição do vírus pelo corpo ; estão ocorrendo a cada quatro meses, apesar de a recomendação ser a cada dois: faltam reagentes, segundo pacientes. Há falhas também na disponibilização de medicamentos. O tratamento antirretroviral, por exemplo, era distribuído para três meses. Agora, só para um. Ao todo, 12 mil pessoas fazem tratamento contra o HIV no DF.
[SAIBAMAIS]O DF conta com oito locais especializados no tratamento de DSTs, com o foco em pacientes com Aids. A cidade perdeu, no começo do ano, outros dois endereços, em Sobradinho e Samambaia. ;Estamos vivendo um desmantelado da rede de assistência para as pessoas com DSTs. O problema está acontecendo há um ano e se agravando cada vez mais;, lamenta o presidente da ONG Amigos da Vida, Christiano Ramos.
Para Vicky Tavares, presidente da ONG Vida Positiva, a demanda crescente exige maior planejamento para evitar problemas como desabastecimento. ;Estamos vivendo um surto de sífilis. Ninguém esperava uma situação dessas. Faltaram kits de teste rápido. Esse ano foi a primeira vez que vi falhas no serviço. Isso mostra que falta planejamento;, critica. Ela emenda: ;Não podemos tratar as DSTs com descaso. Temos de nos antecipar;, conclui.

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A diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, explica que o governo mantém a oferta de tratamento. ;Lutamos para manter os estoques abastecidos, e os pacientes sendo atendidos. Estamos atentos às necessidades. Neste ano, por exemplo, trocamos o remédio contra a gonorreia por a bactéria ter se tornado resistente;, pondera.
O Executivo local admite que o teste para o diagnóstico de sífilis está em falta. A Secretaria de Saúde argumenta que o insumo está em processo de aquisição. Outros materiais também estavam com estoques zerados até o mês passado. A pasta, destaca, em nota, que todas as unidades de saúde podem fazer a detecção das doenças e os casos são encaminhados para as unidades de referência. ;Realizamos a prevenção com fornecimento de preservativos, ações educativas e com a notificação dos casos;, resume o texto. Segundo o governo, não há fila de espera para o tratamento.

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