Jornal Correio Braziliense

Cidades

'Há fortes suspeitas de ser Ana Íris', diz polícia sobre corpo encontrado

Apesar de não haver uma confirmação oficial da equipe de investigação, a família afirmou a identidade da jovem por causa da blusa com que estava vestida

Primogênita entre os cinco irmãos, Ana Íris foi vista pela última vez na QR 829, em Samambaia Norte, próximo de casa. Chegou a pedir para a avó fazer um lanche, mas sumiu sem comer o que tinha sido preparado por ela. Apesar de ficar desaparecida por 16 dias, a mãe da jovem, a dona de casa Maria das Graças dos Santos, ainda tinha esperanças de encontrá-la viva. Ao receber a notícia do corpo, precisou ser amparada e levada até a casa de uma amiga próxima da família, a comerciante Eriluce Santana de Carvalho, 46 anos, onde foi medicada.
Abalada, Eriluce, que recebia Ana Íris com frequência no comércio da região, lembrou do jeito carinhoso com que a adolescente tratava as pessoas. ;Ela era indefesa e tão ingênua que tinha 12 anos, mas parecia que eram 9 ou 10. Era uma menina boa, estudiosa e alegre;, contou a mulher que segurava a irmã mais nova da menina de apenas 9 meses.
Próxima da família, a educadora social Valdomira Dionísio, 59, descreveu a menina, à época do desaparecimento, como extrovertida, dedicada aos estudos e responsável. "Ela frequenta a escola e nunca foi de fazer isso. É preocupante, pois a família dela é muito carente. São cinco crianças para cuidar, apenas com o auxílio do Bolsa Família. Estão todos apavorados;, comentou no mesmo dia. Nesta terça-feira, Valdomira também confirmou ao Correio que familiares tinham reconhecido o corpo.

Pessoas desaparecidas

O cenário de angústia e desamparo ante a falta de informações sobre o paradeiro de um ente querido ainda é realidade para várias famílias do Distrito Federal. No primeiro semestre deste ano, 1,3 mil ocorrências de desaparecimento foram contabilizadas pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do DF. Dos 1.353 registros, 1.199 pessoas haviam sido localizadas até 10 de julho e 154 continuavam sumidas.

Durante todo o ano passado, o número de ocorrências chegou a 3.157. Desse total, 1.464 eram crianças e adolescentes, de até 18 anos. Isso significa que, em 2016, oito pessoas foram registradas como sumidas no DF, por dia. Segundo estatísticas da SSP-DF, 550 permaneciam desaparecidas até março deste ano, quando o estudo foi atualizado.

Das ocorrências, 1.545 eram do sexo feminino e 1.612, masculino. As mulheres apresentaram maior número na faixa etária entre 13 e 17 anos, com 76% dos casos. Até 12 anos de idade, o registro é de 59%. Em relação aos homens, as ocorrências são mais frequentes na faixa de 30 a 49 anos, atingindo 84% do total.

Cadastro único

No Brasil, estima-se que desaparecem por ano cerca de 250 mil pessoas, das quais 50 mil são crianças e adolescentes. O levantamento é da Associação Brasileira de Busca e Defesa de Crianças Desaparecidas (ABCD), ONG popularmente conhecida como Mães da Sé. Contudo, o número pode ser maior. Os dados não estão atualizados, por falta de um cadastro único de pessoas desaparecidas. Um exemplo dessa desatualização são os números do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos. Atualmente, há apenas 368 casos registrados no cadastro.

Entre as ações para mudar esse cenário, segundo a pasta, estão em andamento um mapeamento de outros cadastros de crianças e adolescentes desaparecidos existentes no país e a discussão de como integrar essas ferramentas, além da construção de um novo site com informações sobre o tema.
Em caso de desaparecimento: DISQUE 197 (Polícia Civil do DF) DISQUE 100 (todo o país)
Denúncia On-line: www.pcdf.df.gov.br/servicos/197.