Cidades

Terapias alternativas prometem tratar problemas e melhorar vida de pessoas

Especialistas dizem que modalidade é capaz de solucionar desde problemas psicológicos, como ansiedade, até os mais específicos, como empresariais e familiares

Camila Beatriz*, Rodrigo Barreto*
postado em 26/09/2017 06:00
Meditação de atenção plena, reike e yoga são atividades consideradas terapias alternativas. Luiz Ricarte, gerente de psicologia da Secretaria de Saúde do DF, conta que existem muitas outras. ;Algumas práticas só podem ser realizadas com profissionais especializados.; É o caso da acupuntura e da musicoterapia, por exemplo. As terapias alternativas prometem tratar diversos problemas, desde os psicológicos, como ansiedade, até mais específicos, como empresariais e familiares.

A busca por tratamentos terapêuticos diferentes dos tradicionais é uma forma de encontrar soluções baseadas na adequação à personalidade de cada um. É o que explica Ricarte: ;As pessoas buscam terapias com que melhor se identificam;. Para o psicólogo, é importante que o indivíduo se informe sobre as terapias e psicoterapias antes de escolher um método.

;A constelação sistêmica é um desses tratamentos terapêuticos;, exemplifica o psicólogo. ;Hoje, muitos profissionais da saúde utilizam esse tipo de terapia, que não é um fazer único da psicologia, mas tem função terapêutica complementar à psicoterapia.; A prática segue método de verificação de dinâmicas dentro de círculos de convívio.

O Espaço Rogue, que oferece a atividade, define esses grupos como sistemas formados por duas ou mais pessoas que exercem influências entre si. Dentre os campos que abrigam as constelações estão o familiar, o pedagógico, o do direito e o da saúde.

Uma das modalidades da constelação sistêmica é a sessão com bonecos, que substituem os personagens
Fundador do Espaço Rogue, o constelador Bruno Rosa conta que constelações são auxiliadas pelo psicodrama, em um formato de terapia que pode ser de grupo ou individual. Entretanto, destaca: ;É algo bem energético e não é baseado totalmente na psicologia;. Rosa afirma que qualquer interessado pode se tornar um constelador, o guia da terapia. Por outro lado, Luiz Ricarte ressalta a importância do estudo da psicologia ;como uma forma de ajuda na prática da constelação;.

Situação vivida

Quem busca ajuda, o constelado, expõe para o constelador uma situação vivida que pretende entender melhor. O guia, percebendo sensações e energias que permeiam o ambiente durante a sessão, desenvolve a atividade com um ou mais personagens, simuladores da circunstância. Rosa explica as analogias: ;Como numa constelação de estrelas, cada elemento da família tem o seu lugar único e intransferível;.

O trabalho de terapia alternativa em constelações tem como objetivo trazer um olhar de fora da situação para o paciente, que assiste à sessão guiada pelo constelador e interpretada pelos personagens.

A estudante Débora Vieira afirma que teve o primeiro encontro com um constelador em busca de autoconhecimento. Ela percebeu repetições nos ciclos de convivência, o que também a motivou a buscar respostas. ;Com as sessões, desenvolvi uma consciência emocional e passei a compreender o porquê de determinado sentimento se manifestar;, explica.

Segundo Débora, a constelação é sinônimo de equilíbrio e de uma descoberta para cura de traumas. ;Ela existe para mostrar algo que não conseguimos enxergar.; Analista de sistemas, Brenda (nome fictício) também recorre à terapia alternativa e opina: ;Chega um momento da vida em que a gente quer respostas para as incertezas;.

;A terapia me mostrou uma situação que eu não imaginava. Nunca me senti confortável com mulheres e as sessões me permitiram identificar que isso se dava pela minha mãe me enxergar como rival, porque, para ela, disputávamos a atenção do meu pai. Hoje, eu tenho amigas tão próximas que vou até viajar com elas;, conta a analista, que, apesar de ter medo de se expor, adquiriu confiança para fazer parte de constelações.

Outras práticas

A acupuntura, atividade realizada a partir da aplicação de agulhas no corpo do paciente, é usada para tratar dores, dificuldades motoras, depressão e outros transtornos psicológicos e físicos. A estudante de comunicação organizacional Júlia Vargas, 21 anos, conta que escolheu a prática para tratar crises de ansiedade. ;É algo que está me fazendo muito bem porque relaxa e descansa a mente. Eu estava muito agitada, com muita coisa para fazer. Agora, toda vez que vou para a acupuntura, saio de lá renovada, com energia e muito mais tranquila;, afirma.

Colega de Júlia, Luísa Naves, 22, optou pela yoga. A jovem explica que tomava antidepressivos para tratar um problema neurocardíaco e por isso recorreu à atividade. ;Não consegui segurar a barra dos efeitos colaterais, então voltei ao meu cardiologista e ele mesmo me disse: ;Esquece todos esses remédios, entra para a yoga e fala comigo daqui a 2 meses;. Entrei e senti que a vida melhorou em todos os âmbitos, mental e corporal.;

Apesar de terem um público fiel, essas práticas sofrem preconceito. Para o psicólogo Luiz Ricarte, trata-se de uma imagem que se estende à psicoterapia de maneira geral. ;Há quem pense que apenas o indivíduo com transtorno grave deve procurar a psicoterapia. Existe dificuldade das pessoas em aceitarem que existem momentos de crise na vida.;

Conheça um pouco mais sobre constelações

; A prática é utilizada como um método de tratamento voltado para resolver problemas e questionar tabus, normalmente familiares.

; Qualquer pessoa pode ser um constelado, ou seja, receber o tratamento. O objetivo da terapia é desbloquear informações do subconsciente que permeiam relacionamentos e que impedem a fluidez emocional, resolvendo corriqueiros conflitos entre pessoas próximas.

; A prática pode ser encenada por indivíduos ou até mesmo bonecos e ambos representam personagens das relações reais trazidas para serem trabalhadas pelo guia, o constelador.

; Bruno Rosa afirma que o nome escolhido para a terapia é uma forma de explicitar a importância de cada membro de uma relação interpessoal. ;É como se cada pessoa fosse uma estrela, uma parte da constelação, que é relevante e insubstituível para o todo.;


Onde constelar

; Ohana Constelações Sistêmicas (SRTVS Q. 701, Edifício Centro Empresarial Brasília, Bl. B, salas 421/423). Informações: 3201-0777.

; Espaço Rogue (703 Sul, Bl. L, cs. 60). Informações: 32548399.

; Instituto Constelações (SHS Q. 6, cj. A, Bl. C, sala 903). Informações: 98177-5759.
*Estagiários sob supervisão de José Carlos Vieira

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