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Após amputação, Roriz se recupera bem e pode ter alta nos próximos dias

No fim da tarde de quinta-feira, o quadro clínico do ex-governador era estável; ele não tinha febre, e a pressão arterial estava normal

Otávio Augusto, Ana Maria Campos
postado em 01/09/2017 06:00
Joaquim Roriz segue internado no Hospital do Coração do Brasil
Menos de uma semana após amputar dois dedos do pé direito, o ex-governador Joaquim Roriz se submeteu a um procedimento cirúrgico ainda maior. O político, em consequência do agravamento do diabetes, precisou retirar a perna direita, na altura do joelho. A cirurgia ocorreu no Hospital do Coração do Brasil, na Asa Sul. Roriz está internado na unidade de terapia intensiva (UTI). A expectativa é de que ele receba alta nos próximos dias. No fim da tarde de quinta-feira (31/8), o quadro clínico de Roriz era estável. Ele não tinha febre, e a pressão arterial estava normal. ;O meu pai é guerreiro, quer viver e vai atravessar tudo isso;, resumiu a caçula de Roriz, a deputada distrital Liliane Roriz (PTB).

Há 10 dias, a circulação sanguínea dos membros inferiores do ex-governador ficou comprometida. Ele chegou a ficar internado quase uma semana antes do procedimento e, na quarta-feira, voltou ao hospital. Aos 81 anos, Roriz se submeterá, após a recuperação, a um processo de reabilitação, com fisioterapia para o implante de uma prótese. A avaliação médica é de que, se tudo correr bem, ele poderá andar normalmente.

Os cortes de dois dedos do pé direito e, agora, da perna, na altura do joelho, foram necessários porque Roriz tinha uma ferida que não cicatrizou; por causa disso, infeccionou. Em junho, a equipe que acompanha o político realizou um procedimento para melhorar a circulação, com o aumento da quantidade de oxigênio transportado pelo sangue a fim de evitar as amputações. Os médicos estão otimistas, mas reconhecem que a situação é ;delicadíssima;.

O local onde Roriz está internado é restrito até mesmo a alguns funcionários da unidade médica. Ele é acompanhado pela mulher, Weslian Roriz, e das três filhas, Wesliane, Jaqueline e Liliane. A família ainda não se manifestou sobre a situação. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) conversou por telefone com Weslian e prestou solidariedade à família. O Hospital do Coração do Brasil não está autorizado a divulgar o boletim médico do ex-governador.

Doente renal crônico há mais de uma década, Roriz tem de se submeter a sessões diárias de hemodiálise para filtrar o sangue. Em 2014, chegou a entrar na fila para o transplante de rim, mas não pôde ser submetido à cirurgia porque não tinha condições de saúde para fazer o procedimento. Em 2015, ele passou mal em casa e, por causa da isquemia cardíaca, passou por um cateterismo. Além disso, cinco anos atrás, teve de implantar três pontes de safena.

O temor dos amigos é de que um abalo psicológico prejudique a recuperação do ex-governador. Há meses, não acompanha o assunto que dominou a sua vida: a política. Roriz iniciou a carreira, na década de 1970, como vereador de Luziânia. Depois, tornou-se deputado estadual por Goiás e vice-governador do estado. Comandou o DF por 14 anos, em mandatos não consecutivos. Ficou conhecido pela política habitacional de distribuição de lotes em áreas públicas, criando cidades como Samambaia, Recanto das Emas, Santa Maria e Riacho Fundo.


Quadro clínico

A amputação ocorre, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Luiz Turatti, quando o diabetes está mal controlado. ;Essa é uma medida extrema e só é utilizada em circunstâncias quando não se tem como preservar o membro;, detalha. A recuperação da cirurgia depende da estabilização da doença. ;Se o diabetes estiver bem controlado e se consegue minimizar problemas de cicatrização, por exemplo;, explica.

O diabetes, geralmente, compromete a visão e os rins. Complicações macrovasculares, associadas ao infarto, ao derrame e às amputações dos membros inferiores são constatadas em casos mais graves. ;O diagnóstico precoce e o tratamento contínuo bem acompanhado são essenciais para um bom prognóstico;, conclui Luiz.


Complicação

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que 70% das amputações realizadas no Brasil são decorrentes do diabetes, o que representa em torno de 55 mil procedimentos por ano. No mundo, a cada minuto, três pessoas têm alguma parte do corpo extirpada por complicações decorrentes da doença.
14 anos
Tempo em que Roriz governou o DF, em mandatos não consecutivos

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