[VIDEO1]
A música sempre fez parte da vida e da rotina da família do cantor brasiliense de jazz Evaristo de Moraes, o Tico de Moraes. A mãe dele, a cantora brasiliense Muriel Tabb, cresceu ouvindo boas melodias em casa e o jazz foi uma influência inegável na formação musical, que acabou conquistando o filho, hoje violonista profissional. Sozinho ou com outros artistas, Tico de Moraes mostra a dedicação e a sensibilidade ao estilo musical a tocar grandes clássicos do jazz, além de composições autorais.
[SAIBAMAIS]Apesar de toda a influência musical dentro de casa, o cantor de 37 anos confessa que o início da jornada foi difícil, dividindo o tempo entre o trabalho em um restaurante e a busca por reconhecimento por meio de seu maior talento. A sorte dele mudou exatamente lá, quando o restaurante organizou uma promoção de vinhos, lembra o músico à reportagem do Correio. "Eles estavam fazendo uma promoção de vinhos com jazz e sabiam que eu tocava alguma coisa. Então perguntaram se eu queria tocar", relembra. A experiência foi o primeiro passo para que ele percebesse o futuro que realmente queria. "Eu tive que estudar a noite inteira pra essa apresentação no restaurante, mas quando toquei, reparei que era aquilo que eu gostava mesmo de fazer e ouvir."
Tico de Moraes começou a estudar música em 1992, com o renomado violonista Everaldo Pinheiro, que acompanhou o pianista e compositor Johnny Alf e lecionou para uma geração de músicos brasilienses ; à qual Tico faz parte, juntamente com Hamilton de Holanda. Ele tem diversos artistas como inspiração, como os Beatles, e Frank Sinatra. Apesar disso, seu maior ídolo é o Chet Baker. "É a minha maior influência no jazz, mesmo não sendo o mesmo instrumento. A forma de improviso é uma coisa que me agrada muito. É uma coisa muito mais melodiosa que uma pirotecnia de notas. É tudo muito suave", afirma Tico.
Mesmo rodeado de familiares e amigos que tocam todo tipo de instrumentos e ritmos, Tico conta que foi "sorte" o momento em que encontrou os dois músicos com quem tem dividido os palcos em algumas apresentações. O saxofonista do grupo, o venezuelano Carlos Cardenas, de 47 anos, revela que tocar música brasileira é uma paixão. "Eu sempre tive um amor (pela música brasileira). Escutava sempre Gilberto Gil e Caetano Veloso, e acabei indo parar em Pernambuco, onde conheci o Mizael (baterista)", comenta o músico. Ele brincou que outra razão para a vinda a Brasília também foi por amor à mulher dele. "Vim parar em Brasília, basicamente, por conta de mulher. Eu morava em São Paulo, mas me cansei e me estressei, então vim para cá graças à minha esposa", explica.
O baterista Mizael Barros, de 42 anos, morava em Pernambuco quando conheceu o Carlos. Assim como os demais músicos, ele começou cedo no instrumento: "Eu já comecei a ter aulas pequeno, numa escolinha do bairro. Com 9 anos já sabia que ia ser músico", afirma o baterista. Então, novamente, o fator família se fez presente, e o baterista teve que se mudar para São Paulo, e então, poucos anos depois, para Brasília, também graças à sua esposa. "Eu ficava nessa ponte aérea, até que um dia me cansei", explica.
Trajetória
Tico de Moraes tem um repertório marcado pelo jazz e suas músicas autorais. Já participou de programas da TV Câmara, tocou com a cantora Chude Mondlane ; onde foi chamado de ;um clone melhorado do Chet Baker;, por jornalistas e críticos de jazz ;, e foi convidado a apresentar dois shows no Festival Internacional de Jazz de Guaramiranga (CE), em 2007.
O que impulsionou sua trajetória, no entanto, foi o convite que recebeu para participar como violonista em uma apresentação da cantora Chude Mondlane, em Maputo (Moçambique), que se tornou um ícone da música africana. Em 2015, o músico lançou o primeiro EP independente chamado ;Just Thoughts; (em português, ;Apenas pensamentos;), que está disponível em plataformas online como Spotify, Deezer e Itunes.
Ele lista vários artistas com os quais trabalhou junto, como Ivo Pinhongelo, Leonel Laterza, Salomão di Pádua, dentre outros. Em 2013, esteve presente na gravação do disco ;The Cosmic Remedy;, idealizado por Akos Bogáti-Bokor, compositor e multi-instrumentista que reuniu músicos de países como Finlândia, Itália e, claro, o Brasil. Em 2016, o músico esteve presente em projetos como ;The Chico Buarque Experience; e o show em homenagem ao Stevie Wonder ; onde, desde então, segue com apresentações no cenário brasiliense.
*Estagiária sob supervisão de Jacqueline Saraiva