Jornal Correio Braziliense

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'Os presos vivem em uma condição insalubre', diz presidente de entidade

Presidente da Associação de Familiares de Internos e Internas do Sistema Penitenciário do DF e Entorno, diz que alertou direção da Papuda sobre infecções


Após o aumento repentino de infecções de pele no Complexo da Papuda, a presidente da Associação de Familiares de Internos e Internas do Sistema Penitenciário do DF e Entorno, Alessandra Paes da Silva, diz que, em junho, a direção do presídio não levou em consideração as reclamações da entidade sobre o problema. Ao todo, 2.095 estão doentes. As visitas não estão suspensas e as secretarias de Segurança e de Saúde garantem que todos os infectados estão recebendo tratamento.
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Alessandra conta que, quando surgiram os primeiros casos, a entidade comunicou o serviço médico da Papuda, mas foi desmentida. "Disseram que eram casos pontuais. Sabíamos que alguma coisa estava errada. Muitas famílias estavam reclamando do mesmo probelma. Agora, a nossa preocupação é com o tratamento. O médico receita a pomada, mas, muitas vezes, está em falta", detalha.

A associação está reunindo denúncias para acionar o MPDFT. Alessandra atribui às condições de limpeza da penitenciária o aumento de infecções de pele. ;A higiene do lugar é propícia a isso. Não é limpo, não é adequado. Os presos vivem em uma condição insalubre. Muitas celas não são limpas. Vamos cobrar providências. Se existe monitoramento, por que desencadeou esse surto?;, questiona Alessandra.

Agentes afetados

O presidente do Sindicado dos Agentes Penitenciários do Distrito Federal (Sindpen/DF), Leandro Allan, afirmou que é comum servidores da Papuda também serem afetados por infecções. "Nunca houve caso nessa proporção, mas os servidores e agentes costumam apresentar doenças de pele", afirmou. "Estão dizendo que o surto está controlado, mas eu não acredito, pois não é normal o número de infectados aumentar em tão pouco tempo", completa.

[SAIBAMAIS]Desde os primeiros casos, o MPDFT realizou três visitas ao presídio. Nesta segunda-feira (24/7), promotores acompanharam um mutirão de atendimento aos presos, que receberam orientação e medicamentos. ;Estão isolando os casos mais graves, assim como os detentos contaminados que chegaram de outros presídios;, detalha o órgão, em nota. ;Segundo o diretor do presídio, os casos de doenças de pele estão praticamente extintos;, ressalta o texto.

"Constantemente acompanhados"

As doenças detectadas foram escabiose, tineas, pitiríase e furunculoses. Todas são enfermidades de pele altamente contagiosas. "Os médicos realizam a consulta com os detentos, verificam se eles estão com alguma doença de pele, passam a medicação nos casos que forem diagnosticados e dão orientações de higiene, como a lavagem de mãos", explica o Governo Distrito Federal, em nota.
Apesar do aumento de prisioneiros doentes, o governo garante que todos os detentos são acompanhados por equipes de saúde. "Os presos são constantemente acompanhados por diversos profissionais da saúde que trabalham nas unidades, como clínicos-gerais, enfermeiros, dentistas, assistentes sociais, terapeutas, entre outros."
Colaborou Ricardo Faria, especial para o Correio