A risada, a galhardia, a gentileza, o conhecimento sobre Brasília, as figuras da cidade, o amor pelo Nordeste, o jeito de tocar um jornal que nasceu com a cidade. Tudo isso eu tive a sorte de absorver nas longas, produtivas e divertidas conversas. Discutimos também, até sobre machismo, às vezes de forma acalorada, o que só melhorou nossa convivência. Nosso repertório particular soa como trilha sonora de uma amizade leal e cheia de ensinamentos. Levarei sempre comigo.
Cumprindo a promessa de Assis Chateaubriand a Juscelino Kubitschek de trazer os Diários Associados para Brasília, na inauguração da cidade, Ari veio escolher o terreno e acompanhar a instalação do Correio e da TV Brasília. Morou em um acampamento de madeira. Viu de perto cada tijolo do edifício que abrigaria as redações dos dois veículos de comunicação ser colocado. Na parede da sala dele está uma foto histórica no terreno. Ari é pioneiro de Brasília e deste jornal.
Com suas críticas afiadas, incomodou muita gente. ;Era um incitador; hoje, sou um bombeiro;, passou a dizer depois dos 80 anos. Mas continua fazendo da sátira sua melhor ferramenta para enfrentar a vida, seus dissabores e até seus desafetos, que hoje já nem importam. Certa vez, disse-me sobre um deles: ;Esse moço não tem entranhas. Ande com ele, mas não coma a lavagem desse porco;.
Levei a ferro e fogo boa parte dos seus conselhos porque, se há uma coisa que Ari Cunha conhece, é gente. Sabe esquadrinhar o sujeito, suas nuances e entrelinhas. É perspicaz e astucioso na observação do ser humano. Esperta que sou, escolhi ficar sempre por perto dele para aprender também. Para mim, Ari é e será sempre um mestre.