Uma fila de fiéis e de familiares se formou nos corredores da Igreja Batista Central de Brasília (ICBC) na tarde de ontem, todos reunidos para se despedir do pastor Severino Vilarindo Lima. As homenagens tiveram início às 17h, com o velório do religioso, e seguem até as 9h de hoje, com a celebração de um culto, no mesmo local. O sepultamento de Vilarindo será às 14h de hoje, no Cemitério Campo da Esperança.
Vilarindo ficou internado por dois meses com uma pneumonia e, após uma piora do quadro, o pastor de 90 anos não resistiu e morreu na quinta-feira. Ele deixou cinco filhos. A mais velha entre as mulheres, Aldair Lima Espindola, 68 anos, primeira vice-presidente da igreja, relembra o carinho que o pai tinha por todos os parentes e amigos. ;Não tenho palavras para definir meu pai. Ele colocou placas na estrada da nossa vida. Ele andou por toda a cidade por quase 50 anos, levando o evangelho da paz;, conta. Bastante emocionada, Aldair ainda descreve as lembranças que guarda na memória do carinho que o Vilarindo tinha com a mulher, Carmem de Araújo. ;Ele era uma pessoa fantástica. Era todo amor, e o homem mais gentil do mundo. Minha mãe, com 80 anos, sempre recebia cartões e flores enviados por ele;, afirma.
[SAIBAMAIS]O filho de Aldair, Ricardo Lima Espindola, 47, atual presidente da IBCB, descreve o avô como um homem firme e doce. ;O que ele mostrava para os fiéis durante os cultos era a mesma coisa que mostrava para a família: a imagem de um homem forte e protetor;, declara. Ricardo, que também é pastor, conta que, mesmo após a saída de Vilarindo das atividades da igreja, há oito anos, os trabalhos realizados na instituição seguiram com base nos princípios desenvolvidos pelo religioso.
Não só os parentes foram influenciados pela personalidade de Vilarindo. O diácono Aldrin Gomes, 46, conheceu o pastor aos 8 anos de idade. Ele conta que estava em um período de instabilidade espiritual e que esse contato despertou nele a paz de que precisava. ;Meu pai tinha tentado me levar a muitas igrejas. Então, ele me trouxe aqui. Bastou que o pastor postasse as mãos em minha cabeça e orasse para que eu me sentisse melhor. Eu devo muito a ele;, comenta. Aldrin conta que o religioso sempre foi uma inspiração. ;Ele me salvou duas vezes. Primeiro, aos 8 anos. Depois, quando tive uma tendinite e fiquei impossibilitado de tocar violão aqui no ministério. Fui conversar com ele. Ele tocou minha mão, orou de novo, e eu melhorei. Não precisei fazer cirurgia, como eu esperava, e pude voltar a tocar aqui;, relata.
Legado
O pastor veio para Brasília em 1969, transferido pela Marinha. Em território brasiliense, Vilarindo ajudou a fundar um dos mais icônicos templos do país e ficou famoso por promover curas dos fiéis. A Igreja Batista Central de Brasília ganhou força com a fama do pastor que, em 1971, foi empossado presidente do templo. Nos últimos anos de vida, devido ao Alzheimer, Vilarindo não conseguia mais ministrar cultos, mas se mantinha presente nas atividades religiosas. Em 2017, o templo que ele ajudou a erguer completou 50 anos, com cerca 4,5 mil fiéis reunidos nos cultos semanalmente. Além de Aldair, o pastor deixa outros quatro filhos ; três homens e uma mulher ;, 13 netos e 16 bisnetos.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer