Com muita irreverência, o médico e poeta José Dias Ibiapina, 78 anos, combate a dengue hemorrágica escrevendo versos com uma métrica bem nordestina ; o cordel. Para driblar o tempo que teve de ficar em repouso ; foram mais de cinco meses de recuperação no segundo semestre de 2016; decidiu escrever histórias em versos de cordel para falar sobre a doença. O livro A literatura de cordel, as histórias e invencionices do professor Ibiapina, que será lançado, amanhã, no Carpe Diem, na Asa Sul, conta como o autor pelejou contra o mosquito aedes aegypti e dá as dicas para as pessoas se prevenirem.
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As histórias ouvidas e vividas pelo Professor Ibiapina o ajudaram, de alguma forma, a tirar o peso da doença no período de convalescença. O Cordel da Dengue,destaque do livro, rendeu também uma reimpressão em folheto ilustrado por Marcus Pedro, baseando-se no formato tradicional da divulgação dos cordéis de antigamente. A despeito de enfrentar uma doença séria, Ibiapina tratou com fina ironia a dengue e escreveu: ;Fale pra rua inteira/Dengue não é choradeira/Manha ou birra de criança/Muitas vezes perigosa/Guarde na sua lembrança.;
A literatura de cordel tem essa magia lúdica no processo de criação, como diz o diretor da Casa do Cantador, Francisco de Assis: ;Muitos repentistas criam versos para falar de temas preventivos, como também matérias educativas.;
Literatura personalíssima, com forte pegada oral, os cordéis do professor Ibiapina reúnem realidade e ficção, sátira e bom humor. O livro faz uma travessia pela literatura de cordel conduzido pelo olhar do médico José Dias Ibiapina.
Múltiplas experiências
Professor Ibiapina arrebata o leitor contando muitas das histórias de quem faz ;literatura pela boca;, narradas a ele em mais de sete écadas de vivência e experiências múltiplas, como o autor mesmo relatou, ;do trabalho na escola de laticínios, passando no concurso de fiscal de barreira e chegando à docência de medicina;.
O passeio pela literatura de cordel começou na adolescência. ;Quando comecei a escrever, usava os pseudônimos Zoroastro, Galo da Campina, Zaratustra e Cantador do Sertão;, recorda-se.
Cearense de Sobral, Ibiapina explora no livro aspectos da narrativa de forma irreverente e espontânea. São contações de histórias e causos que remetem a toda a trajetória de vida do professor. Ele fala dos amigos e da família. As lembranças com o pai, Antônio Félix Ibiapina, não foram esquecidas. Retrata, ainda, figuras populares de Juiz de Fora (MG) e de Sobral, como também reúne cordéis em que traduz suas vivências na faculdade, além escrever um capítulo dedicado à medicina em cordel. Os temas ligados a doenças, prevenção e tratamento objetivam informar e conscientizar a população sobre a importância de algumas patologias, entre elas, a dengue, a tuberculose, a leptospirose e a hanseníase.
Velho conhecido da cidade de Juiz de Fora, o professor José Dias Ibiapina saiu de Sobral, no Ceará, onde nasceu e foi para Minas Gerais aos 14 anos, onde fez carreira como pediatra, um dos mais queridos da cidade. Ministrou aulas de parasitologia nas faculdades de medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Faculdade de Barbacena e da Faculdade de Medicina Suprema, também em Juiz de Fora. Hoje aposentado, o professor continua dando asas à imaginação de sertanejo em terras candangas.
A literatura de cordel, as histórias e invencionices do professor Ibiapina
Lançamento nesta quinta-feira (25/5), a partir das 19h
Local: Carpe Diem Gastronomia ; Asa Sul
Telefone: 3325-5301