Jornal Correio Braziliense

Cidades

Ex-governadores fraudaram outras obras além do Mané Garrincha, diz juiz

Segundo juiz, obras do Sistema BRT Sul e de serviços urbanísticos no entorno do Mané Garrincha também sofreram fraudes.

Ao autorizar a prisão temporária, hoje (23/05), de dois ex-governadores do Distrito Federal, José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz, além do ex-vice de Agnelo, Tadeu Fillipelli, e de mais seis pessoas, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), disse haver inúmeras provas de que as supostas irregularidades não se restringem às obras de reconstrução do Estádio Mané Garrincha, um dos palcos da Copa do Mundo de 2014.

;Existem inúmeros outros elementos probatórios de que as irregularidades são mais amplas [;], pois, no mesmo [período], ao menos outros dois procedimentos licitatórios e contratos de obras e serviços foram executados na capital federal, com a participação direta ou indireta das mesmas empreiteiras, além de outras;, aponta o juiz.

Em sua decisão, o juiz federal menciona que, segundo a PF, a reforma do estádio causou um prejuízo de R$ 1,3 bilhão à Terracap e à União, que detém 49% das ações da Terracap. E que a licitação foi executada e concluída sem que os órgãos competentes tivessem realizado ao menos um estudo de viabilidade econômica. O próprio Tribunal de Contas do Distrito Federal e Territórios (TCDFT) já havia constatado um superfaturamento de cerca de R$ 900 milhões, em valores atualizados. Além disso, no laudo entregue ao TRF, a PF confirma, de acordo com o juiz, a existência de ;fortes indícios; de fraude à licitação.

No pedido de autorização judicial para as prisões preventivas, a delegada federal responsável pelo inquérito policial, Fernanda Costa de Oliveira, apontou que, em liberdade, Arruda, Agnelo, Fillipelli e os outros investigados ofereciam ;riscos à ordem pública e à instrução do processo;. Para a delegada, eles podiam ;empreender novas operações de lavagem de dinheiro, dissipar ativos e efetuar tratativas visando a macular e destruir provas, além de movimentar contas bancárias ainda não identificadas;.

Concordando com os riscos, o MPF endossou os pedidos de prisões, mas sugeriu que, ao invés da prisão preventiva (prazo maior de detenção), fossem decretadas as prisões temporárias (cinco dias podendo ser renovada). Foi o MPF quem incluiu entre os alvos dos mandados de busca e apreensão de Afrânio Roberto de Souza Filho, apontado pelos procuradores como ;operador financeiro; de Tadeu Fillipelli.