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Cerca de 500 amigos e familiares se reúnem para o adeus a Lucas Neres

Jovem que lutava contra uma doença pulmonar desde o nascimento morreu no último domingo, após ficar internado na UTI por quase um mês e meio

Cerca de 500 pessoas compareceram, na tarde desta terça-feira (16/5), ao Cemitério de Planaltina para se despedir de Lucas Neres. O jovem, que aguardava um transplante de pulmão há cerca de 10 meses, morreu no domingo (14), após entrar em coma e não responder mais aos tratamentos. O rapaz estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre desde 3 de abril.

Amigos, familiares e conhecidos que acompanharam a luta do rapaz prestaram as últimas homenagens em um velório que contou com aplausos, músicas e fogos de artifício. Os integrantes da torcida Mancha Verde, do Palmeiras, time pelo qual Lucas torcia, entoaram o hino do clube e gritaram, em coro, frases como ;Luquinhas, guerreiro;.

Os integrantes da Mancha Verde se reuniram para ajudar na arrecadação de fundos para custear os gastos com o traslado e velório do jovem. O presidente do grupo, Deivid Araújo, contou que, desde 2009, a torcida acompanha o caso de Lucas. ;Ajudamos com reformas na casa dele, com a compra de medicamentos, com festas de aniversário e viagens. Tudo por meio de doações e mobilização;, explicou.

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Parente de Lucas, o pintor Elvis Gomes, 24 anos, afirmou que cresceu com o rapaz e que sempre teve uma boa relação com o primo. ;Ele sempre foi um menino muito atencioso e carinhoso. Você não via tristeza no semblante dele. Quando tínhamos entre 6 e 12 anos, nós passávamos as férias juntos, soltando pipa e jogando videogame;, relembrou Elvis.

Durante discurso emocionado, Jordenes Silva, diretor do Centro de Ensino Arapoangas de Planaltina, escola onde Lucas estudava, relembrou a alegria constante do rapaz durante as aulas. ;Ele nunca reclamava. Seu sorriso calava qualquer tipo de queixa;, disse Jordenes.

O diretor também fez um apelo em referência à situação enfrentada pelo estudante. ;O caso do Lucas é uma bandeira para a questão dos transplantes no DF. Precisamos de uma solução urgente para os problemas das filas de espera para cirurgias. O DF conta com uma lei que regula a existência de hospitais que façam essas cirurgias, mas, mesmo assim, ele precisou ir para Porto Alegre para fazer o tratamento. Tudo porque aqui não há estrutura;, protestou.

[SAIBAMAIS]A funcionária pública e ;mãe de consideração; do rapaz, Clécima Márcia Campos, acompanhava a história de Lucas desde 2009. Ela contou que a vida dele em Porto Alegre, nos últimos 10 meses, se resumia a viagens do hospital para casa e vice-versa. Mesmo assim, segundo ela, o jovem nunca perdia a alegria. ;Ele tinha ganhado peso e já estava apto a receber o pulmão. Todos os dias ele sentia dor, mas nunca reclamava de nada, porque sempre ria e dizia que queria viver;, comentou.

Clécima ainda acrescentou que a mãe do rapaz, Irani, dedicou os últimos anos a cuidar de Lucas. ;Ela foi uma guerreira e uma heroína que passava 24 horas do dia cuidando dele. Ela nunca estava de cara fechada;, disse. Emocionada, relembrou a motivação constante que o rapaz carregava, mesmo com os inconvenientes do tratamento. ;Ele tomava em torno de 28 tipos de remédio por dia e quatro suplementos alimentares para ganhar peso. Ainda assim, ele fazia questão de sempre falar que, apesar de seu corpo estar doente, sua alma estava sadia e queria viver;, comentou.

Tratamento

Lucas nasceu no Hospital Regional de Planaltina. Logo no primeiro mês de vida, os primeiros sintomas da doença começaram a se manifestar, dificultando a respiração do bebê. Ao longo da vida, o rapaz, que perdeu todo o pulmão esquerdo e tinha o funcionamento do direito bastante comprometido, foi submetido a vários tratamentos que não apresentaram resultado. Em diversas reportagens, o Correio acompanhou a história do garoto e sua incansável luta pela vida.

A esperança de Lucas era receber o transplante de um novo órgão. Em busca disso, a família realizou uma campanha para conseguir o dinheiro para levá-lo ao Canadá, onde o procedimento poderia ser realizado. Infelizmente, a verba necessária não foi alcançada. No entanto, por obra do destino, o aparelho para a realização do transplante chegou a Porto Alegre no ano passado. Desde então, o rapaz e seus familiares se mudaram para a capital gaúcha.

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer