Segundo o diretor-geral do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), Silvain Fonseca, do total de 489 autuações de 2017, 10 se referem a racha. Os outros estão relacionados a alguma prática de alta velocidade, como arrancadas, e a cavalos de pau. Para evitar que essas disputas ocorram, o órgão trabalha com ações preventivas. Fonseca explicou que é feito um monitoramento em carros que têm a maior probabilidade de fazer competições nas vias do DF. ;Nós montamos blitzes em lugares estratégicos, onde é propício ocorrer esse tipo de prática. Quando esses motoristas chegam, a gente já sabe quem é quem. São veículos que já têm as características dessas ações. É possível até traçar um itinerário desses condutores;, contou.
[SAIBAMAIS]O diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Henrique Luduvice, garantiu que agentes monitoram e desarticulam eventuais disputas de rachas marcadas em redes sociais ;Quando recebemos essas informações com antecedência, comparecemos ao local e acabamos com qualquer tipo de prática. Porém, aquelas iniciativas acertadas no momento são mais difíceis de sofrerem intervenção;, explicou. Luduvice esclareceu que os radares eletrônicos detectam excesso de velocidade, assim como agentes de trânsito e policiais militares. ;Neste Maio Amarelo, intensificaremos ainda mais o processo de conscientização dos preceitos da importância da paz e da cidadania no trânsito da capital;, concluiu Luduvice.
O governador Rodrigo Rollemberg prestou solidariedade às famílias das vítimas dos acidentes que ocorreram no fim de semana. ;Nós determinamos ao Detran que possa intensificar a fiscalização das blitzes, especialmente nos fins de semana, buscando combater cada vez mais o uso dessa conjugação do uso do álcool com direção;, disse. Segundo o GDF, abril ficou marcado por 14 acidentes fatais. ;É muita coisa. São mortes que poderiam ter sido evitadas, que aconteceram em função da irresponsabilidade de alguns. Então, proclamo a sociedade de Brasília para se unir, assumindo as nossas responsabilidades;, afirmou Rollemberg.
Responsabilidade
Entre os carros envolvidos no acidente da L4 Sul que matou mãe e filho no domingo está o Cruze prata conduzido por Fabiana Albuquerque Oliveira, 37. Uma amiga que estava com ela no carro contou que só percebeu a batida quando o veículo delas também acabou atingido pelo Jetta guiado por Eraldo José Cavalcante Pereira, 34. O terceiro suspeito é o bombeiro Noé Albuquerque Oliveira, 42, que dirigia uma Range Rover Evoque. Ele e Fabiana são irmãos, e Eraldo é cunhado deles.
A amiga de Fabiana afirmou ao Correio que ninguém seguia em alta velocidade. ;Com certeza, o que aconteceu foi um acidente, após (Eraldo) perder o controle do veículo. Todos estão abalados e tristes. O que não está correto é julgar o que não aconteceu. Não houve racha. Essa não foi a conduta de nenhum de nós.;
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que instaurou um procedimento interno para apurar a responsabilidade do envolvimento de Noé. ;Caso seja confirmada a participação, o militar será responsabilizado de acordo com as leis vigentes, podendo sofrer sanções disciplinares e administrativas.;
Palavra de especialista
;Quem faz racha é homicida latente;
;O racha consiste em uma emulação de competição. Trata-se de apostar corrida em espaço público. Essa competição pode ser combinada entre os concorrentes ou não e tem como principal problema a questão da velocidade. Quem faz racha é um homicida latente. Primeiramente, porque está contra a lei. Em segundo, porque ele pode morrer e matar. Tal tipo de condutor precisa ter a CNH cassada e ser retirado de circulação. O motorista brasileiro é muito pior do que os piores motoristas do mundo. Têm de ser punidos. Ao se cassar a CNH, serve de exemplo. Os órgãos de trânsito precisam ser mais rígidos;
David Duarte, presidente do Instituto de Segurança no Trânsito
Para saber mais
Álcool compromete tempos de reflexo
O psiquiatra Raphael Boechat Barros, professor e especialista da UnB, detalhou os efeitos das bebidas alcoólicas no corpo humano e as limitações que a bebida traz a qualquer motorista. Segundo ele, há dois grandes problemas na ingestão de bebida aliada à condução de veículos. ;Quando a pessoa bebe, ela se sente invulnerável, perde o medo;, disse. ;Ao dirigir nessas condições, ela perde o medo de sofrer o acidente.; Barros argumenta, ainda, que o álcool subtrai alguns dos sentidos do condutor. ;As alterações senso-perceptórias comprometem a localização espacial e os tempos de reflexo. Testes comprovam que o motorista demora mais a frear, quando sob o efeito de álcool;, afirmou.
; Colaborou Deborah Fortuna (Especial para o Correio)