Mas o palco principal, indiscutivelmente, é o do Espaço Cultural do Choro, no Eixo Monumental, por onde passam artistas consagrados e novos talentos, que participam de projetos, entre os meses de março e dezembro, de segunda-feira a sábado. Na temporada de 2017, estão em cartaz o Prata da Casa e o 40 anos do Clube do Choro ; ambos com expressiva frequência de espectadores.
O choro também faz parte da programação comemorativa dos 57 anos da cidade. Hoje, às 20h, na Praça dos Três Poderes, Fernando César e Regional fazem show e aproveitam para celebrar também o Dia Nacional do Choro ; data que homenageia Pixinguinha.
Um dos mais destacados violonistas de Brasília, mestre do seu instrumento, Fernando César vai ter a companhia de Thanise Silva (flauta), Pedro Vasconcellos (cavaquinho), Júnior Ferreira (acordeão) e Valerinho Xavier (pandeiro). Com esse grupo, ele vem tocando desde 2011; e, com ele, gravou um CD com temas autorais e de compositores brasilienses, como Hamilton de Holanda, Rogério Caetano, Daniel Santiago, Rafael dos Anjos, Leo Benon e Tiago Tunes.
;Esse show Já foi aqui apresentado em Brasília, no Clube do Choro; no Rio de Janeiro e em Recife. O roteiro tem por base o repertório do Tudo novamente, o álbum que vamos lançar no segundo semestre. O nome vem de uma música do saudoso Alencar 7 Cordas. Tocaremos Maxixe do César, Generoso e Choro da vinda, entre outras. Complementamos com uma homenagem a Pixinguinha, que em 2017 completaria 120 anos, de quem vamos tocar Ainda me recordo e Carinhoso;, anuncia o violonista.
Carioca de nascimento, Fernando César chegou à capital com 6 anos. Filho do músico pernambucano José Américo, é irmão do bandolinista Hamilton de Holanda, hoje um dos maiores nomes da música instrumental no Brasil. Com ele, formou o Dois de Ouro, em 1982. ;Na época, eu tinha 11 anos; e o Hamilton, 6. O nome do duo foi dado por Pernambuco do Pandeiro, um dos fundadores do Clube do Choro, que ficou entusiasmado depois de nos ouvir tocar pela primeira vez;, recorda-se.
Fernando César lembra que, na década de 1980, o rock de Brasília estava no auge, com o surgimento de incontáveis bandas. ;Houve quem nos perguntasse certa vez: ;Vocês ainda têm aquela banda de chorinho?;. Embora o Hamilton tenha se envolvido com o rock, por algum momento, mantivemos o Dois de Ouro, que chegou aos anos 1990 já com uma boa bagagem, pois fazíamos muitas apresentações e vivíamos cercados por chorões, em casa.;
Destroçando a macaxeira é o nome do primeiro disco do Dois de Ouro, lançado em1995. Depois vieram o A nova cara do velho choro, de 1998; e Dois de Ouro, de 2000. ;Com a ida do Hamilton para o Rio de Janeiro, no ano seguinte, o duo se desfez. A partir dali, passei por grupos como Choro Livre, Aquattro, Choro e Companhia e pelo conjunto de samba Firme e Forte;, diz Fernando César. Além disso, acompanhei músicos famosos, como Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Armandinho Macedo e Marco Pereira em shows no Clube do Choro;, acrescenta.
Por insistência de Hamilton, César foi para o Rio de Janeiro em 2004, com a perspectiva de se radicar naquela cidade. ;Lá, toquei bastante, fiz muitos contatos, acompanhei Beth Carvalho em show, e participei da gravação do disco de Nadinho da Ilha, produzido por Henrique Cazes, no qual o sambista carioca prestava tributo a Geraldo Pereira. Mas, um mês depois, retornei a Brasília. Isso porque queria retomar a qualidade de vida que havia perdido e fazer o que mais gostava: passar meus conhecimentos musicais e, mais especificamente, os de choro aos meus alunos da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello;, ressalta.
No momento, além do trabalho com o seu regional, Fernando César tem se apresentado ao lado de outros músicos, como o jovem bandolinista Ian Coury. Ele continua vinculado à Escola Brasileira de Choro ; da qual foi coordenador ; como professor de violão 7 cordas, além de dar aulas particulares numa sala que mantém na 406 Norte.
Fernando César e Regional
Show hoje, às 20h, na Praça dos Três Poderes, em homenagem ao aniversário de Brasília e em comemoração ao Dia Nacional do Choro. Antes, às 19h, se apresenta o violeiro Cacai Nunes; e mais tarde, às 21h, o cantor e compositor Renato Teixeira.