Jornal Correio Braziliense

Cidades

Feira na Asa Norte se torna ponto de encontro e de negócios entre mulheres

Toda primeira semana do mês, entre quarta e quinta-feira, estandes de bijuterias, artesanatos, doces, brechós e tantos outros tantos produtos chamam a atenção de quem passa pelo prédio residencial


No início, eram apenas quatro amigas. Elas costumavam se reunir embaixo do prédio. Conversa vai, conversa vem, acabaram descobrindo que cada uma tinha um talento. Daí veio a ideia: por que não juntar essas habilidades e promover um evento comum? Assim, surgia a feirinha que, uma vez por mês, movimenta o Bloco C da Quadra 103 da Asa Norte. ;Na época, ficamos sabendo que o prédio já tinha realizado outras feiras e decidimos criar a nossa, com apenas as quatro participantes;, recorda-se Mirian Fernandes Xavier, 50 anos, uma das fundadoras.

Passados cinco anos, os encontros reúnem hoje 42 empreendedoras, que, além de obterem uma renda extra, expõem o seu trabalho e se divertem. Toda primeira semana do mês, entre quarta e quinta-feira, estandes de bijuterias, artesanatos, doces, brechós e tantos outros tantos produtos chamam a atenção de quem passa pelo prédio residencial.
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A divulgação do evento é realizada pelas próprias empreendedoras. ;As redes sociais são nosso principal meio de propaganda. Além disso, utilizamos um carro de som e panfletos;, explica Mirian. Para participar, os interessados devem entrar em contato com uma das organizadoras e apresentar a proposta. No entanto, existem critérios para ocupar o espaço. ;Sempre procuramos pessoas que vendam produtos diversificados. Com isso, todas conseguimos vender;, explica.

A organizadora realça que a feira se tornou uma saída para as mulheres que procuram uma atividade e uma renda extra. ;A maioria de nós é dona de casa. Além disso, muitas não são de Brasília, então, não temos família próxima. Com a atividade, conseguimos fazer amizades e ainda trabalhar.; Para Mirian, o ponto negativo é a burocracia para a realização dos eventos. ;Todo mês, precisamos de uma nova autorização da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis). Preciso de pelo menos três dias para conseguir uma.;

Ao lado de Mirian, Rogéria Serafim, 50, é outra criadora da feira. As duas moram no mesmo prédio e atendem no mesmo estande. ;Trabalhamos com artesanato. Já comercializei em outros estados e até mesmo na Espanha;, conta Rogéria. Natural de Santa Catarina, ela relata que se diverte com a atividade. ;Tenho dois filhos que são adultos e moram fora. Sou só eu e meu marido. Precisava de uma distração.;

De fora

Com o crescimento do pequeno núcleo comercial, as organizadoras começaram a aceitar empreendedoras que moram em outras quadras e cidades. Adriana Cantelo, 39 anos, mora no Setor Militar Urbano e participa ativamente de todos os eventos. ;Fiquei sabendo por meio de uma amiga, há um ano, sobre a feira. Depois disso, conversei com a Mirian e comecei a participar;, conta.

Adriana comercializava doces, mas decidiu mudar completamente de ramo. ;Tinha muito trabalho na cozinha. Então, resolvi começar a trabalhar com objetos de decoração. Hoje, além de vender na feira, tenho uma loja on-line.; Para a comerciante, as feiras funcionam como uma terapia. ;Eu tinha um emprego, mas sofri um acidente e precisei me afastar. Além de me ajudar financeiramente, está me ajudando a seguir em frente;, celebra.

* Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte