Jornal Correio Braziliense

Cidades

Vídeo mostra ex-funcionário invadindo gabinete de Sandra Faraj na Câmara

Gravação do circuito interno da Câmara Legislativa revela que ex-funcionário da parlamentar recorreu a um chaveiro para entrar no local e sair com documentos


O episódio ocorreu em um sábado, 8 de outubro de 2016. À época, Carneiro estava afastado do Legislativo local desde 3 de outubro sem quaisquer justificativas. No vídeo, o ex-funcionário de Faraj, de bermuda e camiseta, tenta abrir a porta do gabinete com a chave usual ; a fechadura, entretanto, havia sido trocada. Sem sucesso, deixa o local e volta, minutos depois, com um chaveiro, sem a autorização da Coordenação da Polícia Legislativa. Momentos após invadir a sala, com a ajuda do profissional e de uma lanterna do celular, ele sai com documentos em mãos.

A partir desta data, Carneiro emendou dois atestados médicos ; um de 19 de outubro a 2 de dezembro de 2016, e outro de 3 de dezembro do ano passado a 12 de fevereiro de 2017. Após sucessivas ligações sem retorno, Faraj o exonerou, em 3 de janeiro deste ano, antes mesmo do fim da licença médica. Fontes do Correio disseram que a tensão entre o ex-chefe de gabinete e a parlamentar havia chegado ao ápice em 20 de outubro, quando o Diário Oficial do DF apresentou a exoneração do então secretário adjunto de Justiça e Cidadania, José Carlos Carneiro de Mendonça Filho Neto, filho de Manoel Carneiro. Procurada pela reportagem, a distrital preferiu não se pronunciar, porque ;aguarda a finalização da investigação conduzida pela Polícia Legislativa;.

Carneiro coleciona histórias inusitadas no meio político. Em 2012, o, à época, administrador de Águas Claras gastou R$ 1 milhão dos cofres públicos com a confecção de 250 mil gibis e CDs infantis ; o montante, a princípio, deveria ser investido na infraestrutura da cidade. O episódio levou à queda dele. Desavenças também são usuais: o ex-chefe de gabinete de Sandra Faraj brigou seriamente com os colegas e ex-deputados Eurides Brito e Olair Francisco.

Denúncia

A filmagem integra o conjunto de provas analisadas pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) em relação à denúncia contra a distrital. O órgão iniciou a investigação dias após a veiculação das denúncias de Filipe Coimbra. De acordo com o sócio da Netpub, Sandra Faraj repassou à empresa o equivalente a apenas 10 boletos no valor de R$ 2.655, ou seja, R$ 26.550, e embolsou o restante do valor estabelecido em contrato ; um total de R$ 174 mil.

No último dia 13, o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) determinou que a deputada quitasse o débito em três dias. A parlamentar, porém, interpôs embargos à execução, sob a justificativa de que os valores foram pagos em espécie, com o dinheiro que mantinha em casa, conforme declaração disponível no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até o fechamento desta edição, a juíza responsável pelo processo, Luciana Correa Torres de Oliveira, não havia emitido decisão sobre o recurso.

Fora da Corte, Faraj tem outro embate: a Mesa Diretora da Câmara Legislativa analisará, na próxima segunda-feira, se arquiva ou se dá andamento ao processo por quebra de decoro parlamentar contrário a ela, redigido pela ONG Adote um Distrital, do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC). Caso a representação seja levada a diante, a distrital corre o risco de perder o mandato.