Jornal Correio Braziliense

Cidades

Novos blocos exaltam a diversidade e tolerância no carnaval

Os blocos Essa Boquinha eu Já Beijei e Calango Careta exaltaram a tolerância: gente de todas as idades se divertiu sem preconceito



No último dia de carnaval, o tempo se abriu para os brasilienses e, para terminar a folia, 16 blocos desfilaram pelas ruas da cidade. No Setor Comercial Sul (SCS), o bloquinho Essa Boquinha Eu Já Beijei, organizado por mulheres e com a proposta de ser uma das opções mais inclusivas, feministas e contra o preconceito, reuniu foliões e músicas diversificadas. ;O Boquinha é um território feminista e livre de preconceitos. Lesbofobia, machismo, transfobia, homofobia e racismo não frequentam nem beijam Essa Boquinha;, avisou, antecipadamente, a organização.

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A ideia agradou a cineasta Alexandra Kopp, 21 anos, que reclamou do assédio nos bloquinhos que frequentou este ano. ;Achei muito abusivo em geral. Essa ideia de fazer uma festa mais respeitosa me atraiu;, contou ela, que chegou à festa com uma fantasia tropical. ;Independentemente da fantasia, usei muito gliter nesses últimos dias. Valeu a pena sair migrando de festa em festa.;

[SAIBAMAIS]Pela primeira vez em um bloco de carnaval, a economista Priscila Alves, 22, que mora em Florianópolis, gostou da festa brasiliense. ;Vim aproveitar com os meus amigos. As pessoas são legais e as músicas estão boas;, resumiu. O repertório também agradou a estudante Gabriella Dutra, 21. ;Estou amando, porque, além de ser um bloco bem inclusivo, eles estão misturando músicas antigas e novas. Achei bem exótico;, disse. A cineasta Marina Lima, 22, moradora da Asa Sul, aproveitou a festa o quanto pôde. ;Fui a todos os bloquinhos de Brasília que eu consegui, sempre com muito gliter. Já falaram que eu sou o Oscar, uma sereia e até a Beyoncé, mas eu só quis encher meu corpo de purpurina mesmo.;

Vestida de noiva, a estudante Rebecca Oliveira, 16, veio de Goiânia para passar o carnaval em Brasília com as primas. ;Estou achando ótimo. Vou ficar até o último minuto;, garantiu. O plano é voltar para a capital federal no ano que vem. Também pela primeira vez curtindo a folia de Brasília, a maranhense Christiaynen Alves, 38, elogiou a organização do evento. ;Mais limpo e organizado que em outros lugares que já frequentei. Gostei de tudo: das pessoas, das músicas, do clima;, listou a corretora de imóveis.

Sem caretice

Os foliões também comemoraram o tempo aberto no bloco Calango Careta, na Quadra 408 Norte. Entre crianças, jovens e adultos, o boneco gigante do calango brasiliense desfilou pelas ruas, acompanhado pelo som da Orquestra Alada Trovão da Mata, do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro. Para misturar os carnavais, Pedro Nister, 33, vestiu uma fantasia de Bate-bola, utilizada por seu irmão em um desfile de escola de samba carioca. ;Ela pesa um pouco e está bem quente, principalmente hoje, que abriu o sol, mas o que vale é festejar;, afirmou.

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Marcelo Neder, 32, venceu o concurso de fantasias com sua produção de Freddie Mercury. Fã da banda Queen, o brasiliense ainda cantou no palco um trecho da música We are the champions para comemorar a vitória. ;A fantasia foi fácil de montar e adorei ganhar o concurso representando meu ídolo. Vale lembrar que o mais importante do carnaval é valorizar e respeitar a diversidade, sempre com muito respeito;, comemorou.

O casal Mariana Mendes, 23, e Andrey Hudson, 24, foi ao bloco para comemorar o sucesso de uma campanha que começou no ano passado, também no carnaval do Calango Careta. Os recém-formados em enfermagem se conheceram na universidade, em novembro de 2011, e, depois de cinco anos de namoro, decidiram oficializar a união. ;Como a gente estava com pouco dinheiro, decidimos vender água no carnaval, começamos aqui mesmo no bloquinho. A campanha fez sucesso na internet, repercutiu bastante e conseguimos bater nossa meta;, contou Mariana. O casamento, que ganhou financiamento a partir dos foliões brasilienses, será em 7 de outubro deste ano.

Ainda tem carnaval

Hoje é Quarta-Feira de Cinzas, mas o carnaval ainda não acabou na Bahia e muito menos em Brasília. A partir das 17h, o bloco que estreou este ano na festa do Momo, o Filhos de Zé, concentra ao som do axé afro-percussivo na área externa do Museu Nacional da República. Comandado pelo mestre de bateria Reinaldo Braz, o bloco convida os foliões ainda com energia para se divertir em um dos principais centros culturais e cartões-postais da cidade. Na página do Facebook, os organizadores se intitulam como ;o bloquinho mais estilizado de Brasília;.