O Correio teve acesso com exclusividade às três colaborações que trazem detalhes de como a máfia agia com os médicos dentro dos hospitais da capital do país. Em um trecho da delação da técnica de enfermagem Rosângela, ela conta que a TM Medical tinha três grupos de WhatsApp para organizar as fraudes. Johnny Wesley, Mariza Aparecida Rezende Martins e Micael Bezerra Alves faziam parte de todos e, por eles, cobravam dos representantes comerciais as vendas superfaturadas, de produtos vencidos e com lacres violados. Segundo o depoimento, Johnny fazia perguntas no grupo do tipo: ;A cirurgia do Dr Fulano usou o quê?;; ;Usou mais do que devia?;.
Rosângela conta que, enquanto trabalhou no esquema, ela se lembra de apenas uma cirurgia que realmente era de urgência - o paciente era um agente penitenciário que precisou fazer uma cirurgia de coluna após uma queda. ;Muito embora no grupo de agendamento do WhatsApp vários procedimentos cirúrgicos eram agendados em caráter de urgência;, comenta a relatora.
[SAIBAMAIS]Segundo Rosângela, Johnny cuidava da parte científica da empresa, pois era ele quem aprovava ou não a aquisição de materiais pela TM, bem como a utilização do material para os procedimentos cirúrgicos. ;O Dr Johnny sempre foi autoridade dentro da TM, ele quem direcionava os acontecimentos dentro da empresa, ele dava ordens a todos os funcionários;, diz um trecho da delação. A funcionária diz ainda que ;quando o Dr Johnny queria falar algo de forma mais reservada (na empresa), ele ia na lanchonete de cima;.
Com base na primeira denúncia do MPDFT, 19 envolvidos foram indiciados, sendo oito médicos. Dos acusados, três continuam presos preventivamente: Johnny Wesley Gonçalves Martins, Micael Bezerra Alves e Antônio Márcio Catingueiro Cruz.
Audiência suspensa
Por causa das colaborações premiadas, a audiência da última quarta-feira (8/2) foi transferida para 20 e 21 de fevereiro, para que os advogados dos envolvidos possam ler os depoimentos e preparar a defesa.