Jornal Correio Braziliense

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Projeto Mulheres Inspiradoras será expandido para 15 escolas do DF

Com apoio do governo e de organismos internacionais, iniciativa premiada de professora de Ceilândia atenderá 1.550 estudantes

O Projeto Mulheres Inspiradoras será ampliado a 15 escolas do Distrito Federal este ano. O acordo de cooperação que permitirá a expansão foi assinado na tarde desta segunda-feira (6/2), no Salão Nobre do Palácio do Buriti. Assinaram o documento o Governo do Distrito Federal, o Banco de Desenvolvimento da Amáerica Latina (CAF) e a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). A iniciativa, que teve início em Ceilândia, tem como objetivo o empoderamento feminino e o combate ao machismo.

Nessa parceria, o CAF ficará responsável por financiar os livros; o GDF formará os professores selecionados; e a OEI será a gestora dos recursos. Com o acordo de cooperação, sete regiões administrativas: Santa Maria, Taguatinga, Ceilândia, Estrutural, Samambaia, Plano Piloto e Planaltina. A expectativa é de que cerca de 1.550 estudantes sejam beneficiados.

O evento contou com a presença do governador do DF, Rodrigo Rollemberg, do secretário de Educação do DF, Júlio Gregório Filho, do diretor da OEI, Paulo Speller, do representante executivo do CAF, Vitor Rico, e da criadora do projeto, a professora da rede pública de ensino Gina Vieira Ponte de Albuquerque.

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;Hoje em dia, sofremos muito com a violência de gênero, e esse projeto, que permite pesquisar e tomar conhecimento sobre a vida de mulheres que se tornaram inspiradoras, certamente ajudará a construir uma sociedade mais respeitosa e que valorize o talento das mulheres;, afirmou Rollemberg. O edital do projeto deve sair até fim do mês e a seleção de professores ocorrerá, provavelmente, em março. ;Meu desejo é que outros estudantes sejam alcançados, pois vi que o meu projeto provocou uma reflexão sobre a importância da mulher na sociedade e sobre como o machismo é danoso;, relatou Gina.

A partir da publicação do edital, as escolas que tiverem interesse precisarão ficar atentas às datas de inscrições. Cada escola poderá inscrever dois professores, um de português e outro de qualquer disciplina. O projeto abrangerá turmas do 9; ano do ensino fundamental ao ensino médio. A inscrição deve ser feita com a anuência do diretor. O material de análise será o currículo dos professores, os certificados na área de formação nos Eixos Transversais do Currículo e entrevista com os docentes.

O projeto

O Projeto Mulheres Inspiradoras surgiu em 2015, com a iniciativa da professora do Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia, Gina Vieira Ponte, 45 anos. Por meio do contato com os alunos em sala de aula e nas redes sociais, ela percebeu que muitas das alunas reproduziam padrões construídos pela mídia e que faltavam referências de mulheres inspiradoras a essas adolescentes.
Gina começou, então, a trabalhar nas aulas livros de diversos gêneros literários com exemplos de mulheres fortes, de diferentes classes sociais, cor de pele, nível de escolarização e idades. Algumas das obras selecionadas foram O Diário de Anne Frank, relato da adolescente alemã de origem judia perseguida pelo regime nazista; Eu sou Malala, escrito pela jovem ativista paquistanesa que defende o direito a educação; e Quarto de despejo: diário de uma favelada, da brasileira Carolina Maria de Jesus.

Após a leitura, os alunos precisavam fazer dissertações sobre uma mulher inspiradora para eles. A professora conta que, com o término do projeto, houve uma mudança drástica na forma de pensar dos alunos. ;As meninas perceberam que existem outras referências femininas e que não estão obrigadas a reproduzir o padrão imposto pela mídia. Elas viram que tinham mais a oferecer do que ser um símbolo sexual;, comemora. Os meninos também mudaram o pensamento sobre as mulheres: ;Um aluno meu contou que acreditava que a mulher era inferior, mas, depois do projeto, percebeu que isso não fazia sentido;.

;É muito emocionante ver o poder transformador desse projeto, afinal, ele foi feito para isso: para criar cidadãos melhores e contribuir para uma cultura sem machismo e de não-violência contra a mulher;, finaliza Gina.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer