Jornal Correio Braziliense

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Eixão do Lazer reúne famílias há mais de 25 anos

Fechamento para os carros começou em 1991 e caiu nas graças dos brasilienses


São mais de 13 quilômetros de uma ponta a outra de puro asfalto. Três faixas no sentido Asa Sul, três faixas no sentido Asa Norte e uma faixa no meio, separando os dois sentidos. O Eixo Rodoviário são as duas asas do avião de Lúcio Costa e uma das principais vias do Distrito Federal. Por ela, todos os dias, passam mais de 100 mil veículos, mas é aos domingos e feriados que esse espaço ganha vida.

Já são mais de 25 anos de Eixão do Lazer, espaço aberto ao ciclismo, patinação, corrida, caminhada, skate e até gente de se aventura a amarrar uma faixa entre uma árvore e outra e tenta se equilibrar e fazer manobras na corda-bamba.

O exemplo do Eixão inspira outras cidades. A via onde mora o coração de São Paulo, a Avenida Paulista, seguiu os passos da capital do país e, desde junho de 2016, o fechamento aos domingos passou a ser oficial. O projeto do ex-prefeito Fernando Haddad (PT-SP) enfrentou resistência e foi alvo do Ministério Público do estado, mas o apoio da população fez a ideia ganhar força, mas ser mantida pelo sucessor de Haddad na prefeitura, o tucano João Dória (PSDB-SP).

No DF, já tem região administrativa querendo ter o seu próprio ;Eixão do Lazer;. Líderes e prefeitos comunitários de Taguatinga querem que a Avenida Comercial Norte fique fechada para que a população possa praticar esportes sem ter que dividir espaço com os carros.

O administrador do Plano Piloto, Marcos Pacco, diz que a cidade se identifica com com o espaço. ;A comunidade se organiza independente do poder público. Tem esporte ao ar livre, gastronomia, dança, ciclismo. A maioria dos grandes eventos pedem nossa autorização, mas nos pequenos eventos, nem sempre há necessidade;.

No Eixão, há espaço para o bom humor também. A via é palco da corrida de cadeiras de escritório e da corrida da cerveja, em que atletas embriagados tentam completar o circuito.

O eixo também é democrático. Famílias de todas as regiões administrativas procuram a via aos domingos, em busca de um lugar seguro para passear com os filhos. O vigilante Moisés Viana, morador do Recanto das Emas, levou a família toda, pela primeira vez, para conhecer o Eixão. Enquanto a esposa Vânia cuidava da pequena Manuela, de sete meses, os irmãos Natanael, 14, e João Pedro, 11, aproveitavam para andar numa bicicleta alugada de dois lugares, mas tinham de revesar com a irmã, Gabrielle, um lugar na bicicleta.



O Eixão faz parte da vida do brasiliense. O lugar por onde circulam, em dias úteis, cerca de 80 mil veículos se transforma, aos domingos e nos feriados, em um grande centro de lazer. Liberadas para bicicletas, skates, patins, cachorros e carrinhos de bebê, as seis faixas e a pista central da rodovia recebem crianças, jovens, idosos, famílias inteiras. Sem o vaivém frenético de carros, a estrada vira espaço de alegria e de convivência para a população.

Três gerações da mesma família frequentam a rodovia pelo menos um domingo por mês. O avô Francisco Fernandes, 50 anos, a filha Daniella, 26, e o neto Enzo, 6, tem um gosto em comum: pedalar, mas os dois adultos precisam ir devagar para que a bicicleta de rodinhas do pequeno Enzo possa acompanhar. ;Eu venho aqui desde que começou. Quando eu era mais novo, eu vinha mais, praticamente toda semana. Agora, ao menos uma vez por mês, com minha filha e meu neto;, narra Francisco Fernandes, administrador e morador da Asa Sul.

Pela primeira vez no horário de verão, a reabertura para os carros, que antes era às 18h, passará para às 19h, aproveitando o tempo a mais de sol nessa estação do ano.