Carnavalescos de Brasília receberam com críticas a contratação de um consultor de São Paulo pelo GDF, para ;elaborar e implementar uma política pública de carnaval de rua;. O contrato prevê o pagamento de R$ 80,4 mil ao consultor Guilherme Rosa Varella e foi oficializado na última sexta-feira. Segundo integrantes de blocos e produtores culturais, Guilherme já presta serviços ao governo desde o fim de 2016.
Jorge Cimas, presidente da Liga dos Blocos, reclamou do repasse em um momento de profunda crise financeira. ;Ele já vem trabalhando nisso e ajudou a baixar uma portaria em janeiro, mudando todo o esquema de patrocínio;, diz Cimas. ;É lamentável que tragam uma pessoa de São Paulo, com total desconhecimento da cidade, para definir coisas que a gente faz há mais de 20 anos no carnaval brasiliense, enquanto a gente é esquecido nessas horas;, queixa-se.
;Reivindico isso há anos, pois dá para criar um produto turístico regional, que não é nenhum bicho de sete cabeças: basta ter sensibilidade e compromisso com a cultura. Mas isso não é uma coisa que se cria da noite para o dia;, diz Moacyr Oliveira Filho, o Moa, presidente da escola de samba Aruc. ;Achei meio estranho, não entendi a necessidade de um consultor externo quando há gente fazendo carnaval em Brasília há mais de 40 anos;, continuou Moa, um dos fundadores do bloco mais antigo da cidade, o Pacotão.
;Se ainda fosse alguém do Rio de Janeiro, de Recife, de Salvador, onde tem carnaval de verdade;, ironiza Franklin Maciel, do bloco Galinho. O GDF justificou que Varella tem ;experiência comprovada;, tendo sido um dos responsáveis por regras da prefeitura paulistana para os blocos de rua, em 2013. Ele também atuou como secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura.
Segundo o presidente da Liga dos Blocos, Guilherme Varella seria o responsável pelo texto da Portaria Conjunta n;1 da Secretaria de Cultura, publicada no começo de janeiro, que veda o uso de cordas, correntes, grades e ;outros meios de segregação;, além de proibir ;balões, bandeirões ou adereços de mão;, para não interferir ;ostensivamente; na paisagem. Essa mesma portaria define parâmetros de patrocínios, determinando que o recurso ;apenas poderá cobrir cachê artístico e outras necessidades do bloco após ter sido garantida toda a estrutura básica necessária; para a folia. Segundo Cimas, essa regra desvia os recursos dos patrocinadores para a implantação da logística ; obrigação do GDF.