Depois da implantação de rodízio em áreas urbanas abastecidas pela Barragem do Descoberto, as restrições para combater a maior crise hídrica do Distrito Federal chegam aos agricultores. Responsáveis por 40% da produção de frutas e hortaliças da capital do país, totalizando 2,5 mil hectares, os produtores situados ao redor do reservatório terão que adotar uma série de medidas definidas pelo governo do DF para economizar água durante o período de racionamento. A previsão é de que as ações sejam adotadas até 2018. Diminuindo a captação, a expectativa é reduzir em 40% o consumo na região. Além disso, as licenças para captar água estão suspensas e a fiscalização de áreas irregulares será intensificada.
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A pouca água no quadradinho fez com que os agricultores reprogramassem as expectativas para a safra. É o caso de Douglas Lorena, 27 anos, produtor da bacia do Rio Descoberto. Antes, ele tinha como previsão cultivar 12 hectares de hortaliças e leguminosas. Aproximando-se dos meses de março e abril, considerados o ápice do mercado de verduras na capital federal, ele conta, hoje, com apenas cinco hectares em produção. Douglas, que é também engenheiro agrônomo, decidiu reduzir para economizar o recurso hídrico. ;As nossas chuvas estão irregulares. Atualmente, tenho mais de 5 mil sementes de tomates na estufa esperando para serem plantadas. É uma área preparada para essa função, mas não posso plantar ainda devido à incerteza;, conta.
Se o brasiliense começou a sentir os efeitos da falta de água no reservatório há apenas uma semana, com a implantação do rodízio de suspensão do serviço, na área rural, desde junho, os produtores lidam com uma programação específica. Eles só podem retirar água dos rios por quatro horas, diariamente. Antes, era conforme a necessidade sinalizada pelas bombas de captação. ;Para ajudar, implantamos o sistema de gotejamento, que auxilia na economia de água;, explica Douglas, que também adotou outras medidas na propriedade. A estrada passou por melhorias para evitar, com a chuva, o assoreamento do córrego, e foram criados bolsões no terreno. ;Eles ajudam a água a se infiltrar no solo e, consequentemente, ir para o rio.; Com a suspensão da outorga de água, aumenta o receio de Douglas com o futuro da safra. A água da propriedade é captada diretamente do Córrego do Rodeador, um dos afluentes do Lago do Descoberto. ;Não tenho poço artesiano e não dá para garantir uma produção apenas com a chuva.;
A substituição do sistema de irrigação por microaspersão ou gotejamento, como o usado por Douglas, é umas das prioridades do Executivo local para a economia de água. O novo método está previsto no plano apresentado ontem, que engloba as áreas rurais de Brazlândia, Ceilândia e Taguatinga, somando 2.770 propriedades. Por lá, dos 1.588 hectares, 1.274 usam o sistema antigo, que gasta mais recursos hídricos. De acordo com o secretário de Agricultura do DF, José Guilherme Leal, os gastos durante o processo de transição de sistemas não ficarão apenas por conta do agricultor. ;Técnicos da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) realizam o trabalho de assistência técnica. Além disso, o GDF disponibilizará financiamento, por meio do Fundo de Desenvolvimento Rural, com crédito subsidiado;, explica Leal. Inicialmente, R$ 5 milhões serão viabilizados.
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