Marlene Gomes - Especial para o Correio
postado em 06/01/2017 21:51
A iluminação da Ponte Jk, um dos principais cartões postais da cidade, está comprometida. Nos postes, muitas lâmpadas não funcionam, por estarem queimadas ou porque foram desativadas. Na passagem de pedestres, localizada na parte lateral da ponte, a situação não é nada boa para aqueles que querem desfrutar de um passeio por lá, já que boa parte das luminárias não funcionam.
O contador Robson Ferreira de Sousa passa pela Ponte JK pelo menos duas vezes por dia. Morador da Quadra 9, no Jardins Mangueiral, em São Sebastião, Robson tem um escritório de contabilidade no Guará II, mas leva e busca a mulher, Ana, ao Sudoeste, onde ela trabalha. A pouca iluminação e o aspecto descuidado da ponte incomodam o rapaz. ;Dá para ver que a ponte está muito mal-cuidada. Só tem alguns postes com luz, o aço parece estar enferrujado e a estrutura toda tem um aspecto sujo, porque a pintura está velha. Além disso, está escuro também na calçada de pedestres;, explica.
Para Valéria Cristina de Mello, a iluminação ruim e a falta de retoque na pintura contribuem para esconder a beleza e evidenciar a má conservação da Ponte JK. ;Tem muitas lâmpadas queimadas e é meio escuro. Também não sei se é por causa da fuligem ou do mofo, mas a ponte está com uma aparência feia. Talvez fosse preciso revitalizar a pintura;, diz a administradora, moradora do Condomínio Mini-Chácaras Lago Sul, localizado próximo à Ermida Dom Bosco.
A opinião é compartilhada pela gestora do Ministério da Saúde Ivone de Almeida Peixoto, que mora no Condomínio Lago Sul. ;Me chama muito a atenção também o aspecto visual, que não está bom, porque está faltando pintura;, explica.
Exercício e passeio
Quem usa a passarela de pedestres para se exercitar ou para passear sofre mais ainda com os problemas da iluminação no local. O servidor público Frederico Vasconcelos, morador da QI 26, no Lago Sul, aproveita a disposição para manter a forma e o visual bonito da ponte para correr pelo local. Pelo menos três vezes por semana, o rapaz corre de 6 km a 8 km pela área e o trajeto inclui, obrigatoriamente, o acostamento e a passarela de pedestres da ponte. Correr no local não oferece maiores dificuldades, segundo Frederico.
A dificuldade maior, segundo ele, é para quem quer fazer caminhada. ;Acho que tem um certo risco até de assalto. Realmente, tem o problema de lâmpadas queimadas, mas o local só não fica completamente escuro por causa dos postes que ainda estão funcionando;, afirma.
Conhecida como a terceira ponte do Lago Sul, a Ponte JK foi inaugurada no dia 15 de dezembro de 2002, já com a importante missão de desafogar o trânsito em uma região em que se locomovem cerca de 450 mil pessoas.
Com 1.200 metros de comprimento e 24m de largura, duas pistas, cada uma com três faixas de rolamento, e duas passarelas nas laterais para a passagem de pedestres e ciclistas, a Ponte JK melhorou o fluxo de veículos para a zona central de Brasília, ajudou a diminuir o tempo de viagem, com a consequente economia de combustível, e facilitou a aproximação das cidades.
Manutenção
A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) informou que enviará um técnico para verificar as condições de iluminação da Ponte JK e, com isso, viabilizar a manutenção necessária no ponto turístico da capital federal. De acordo com a empresa, algumas lâmpadas que compõem o conjunto de iluminação são específicas, como as dos refletores que iluminam os arcos do monumento. Com relação à pintura desgastada, a empresa informa que realizou a lavagem da pintura em 2014, por meio de rapel na estrutura.
Sobre a manutenção da ponte, a Novacap argumenta que o local é monitorado por equipe técnica de engenheiros da empresa, que realiza reparos pontuais sempre que necessário e que desembolsou R$ 75 mil para realizar a troca dos cabos de guarda-corpo da ponte, em janeiro do ano passado. A Companhia informa ainda que está em elaboração um projeto de manutenção para a Ponte JK, a ser implantado por meio de licitação, que inclui os serviços de pintura e manutenção.
Polêmicas
A construção da Ponte JK, no entanto, foi cercada de polêmicas. A mais robusta foi com relação ao montante dispendido na obra. Isso porque, orçada, a princípio, em 40 milhões de reais, em 1998, durante o governo de Cristovam Buarque, o custo total da obra subiu quatro vezes mais, totalizando cerca de 160 milhões de reais, na gestão do ex-governador Joaquim Roriz, em 2000.
Os argumentos para aumentam indicavam a necessidade de revisões e ampliações do projeto, à época, inclusive com a constatação de inviabilidade do projeto básico que previa a construção da ponte sobre pilares. Além disso, foi constatado que havia falhas no dimensionamento da ponte, sendo necessários mais 144m de comprimento ou o aterramento da margem do Lago.
Menos de uma década após a sua inauguração, nova polêmica surgiu, quando a ponte começou a apresentar problemas técnicos. O Ministério Público do Distrito Federal, por meio das promotorias de Defesa do Patrimônio Público e Social e de Justiça, entrou com uma ação civil pública de ressarcimento ao erário contra a Novacap e empresas responsáveis pela obra.