Ano-novo, problema antigo. O brasiliense vai encarar acréscimos nas passagens de ônibus e de metrô do Distrito Federal a partir da próxima segunda-feira, após ter sido comunicado no último dia útil de 2016. Trata-se do segundo aumento de tarifa em pouco mais de um ano, quando o GDF reajustou os valores em setembro de 2015, após 10 anos de congelamento. Mais de 1,1 milhão de passageiros foram surpreendidos ontem, o que provocou críticas e agendamento de pelo menos quatro protestos nos próximos dias (leia Reação).
De acordo com a Secretaria de Mobilidade, as linhas circulares internas passarão de R$ 2,25 para R$ 2,50. Os de ligação curta sobem de R$ 3 para R$ 3,50. E os de longa distância, de R$ 4 para R$ 5, mesmo valor para as viagens feitas de metrô. No total, os reajustes chegam a 25%.
[SAIBAMAIS]A estudante Sandra da Cruz, 34 anos, depende do transporte público diariamente para se deslocar até a L2 Sul. Para ela, o aumento prejudica ainda mais por ter início no período de férias. ;A passagem em Brasília é muito cara. E, nessa época, quando nem o passe estudantil pode ser usado, o custo é ainda maior. Quem anda de ônibus vê que estão sempre lotados. Então, essa justificativa de que o governo paga caro pelas passagens não convence;, argumenta Sandra.
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O vendedor José Nascimento utiliza o ônibus para ir de casa até o trabalho, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Ele reclama da qualidade do transporte, que não vale o preço cobrado. ;Esse aumento é um absurdo. Eu preciso pegar quatro ônibus por dia e sempre vêm lotados. Os veículos parecem uma lata de sardinha por causa da lotação. Nós vamos pagar R$ 5 para vir trabalhar em pé, sem conforto e demorado. Estão apenas prejudicando o cidadão;, reclama.
O programador Alan Queiroz, 37, sai de Santa Maria para o Plano Piloto e paga R$ 4 de passagem. Ele se preocupa com o aumento de até R$ 1 nas tarifas e teme que aumente o desemprego. O profissional pensa em trabalhos que podem ser feitos em casa, para economizar. ;Acho que foi um reajuste bem acima. Uma tarifa de R$ 4,50 já seria ruim. Mas aumentar para R$ 5 é algo que ninguém imaginou. Por causa do custo elevado, as empresas podem demitir funcionários para evitar mais gastos. Estou me planejando para conseguir um trabalho de home office;, adiantou Alan.
Passe livre
A Secretaria de Mobilidade informou que a mudança faz parte de uma tentativa de cobrir os gastos do governo no sistema de transportes, com combustíveis e salários de motoristas e cobradores. Além disso, há necessidade de manter a gratuidade para estudantes, idosos e deficientes. De acordo com dados do órgão, 33% dos passageiros do DF utilizam o passe livre. ;É o que o Brasil precisa e o que o DF precisa;, resumiu o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno.
Neste ano, o DFTrans se organizou para tirar de circulação mais de 50 mil cartões de estudantes usados de forma irregular, segundo o órgão. Segundo Fábio, apenas em dezembro, mais de 10 mil benefícios caíram. Apesar disso, o número de utilização dos passes aumentou, o que também eleva os gastos do governo.
O Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) acredita que o reajuste terá impacto na geração de emprego no DF, pois afeta diretamente passageiros e empresários. Além disso, para o presidente da entidade, Sebastião Abritta, esse aumento segue na contramão do que deveria ser feito, considerando a crise econômica. ;Nessa situação, só subindo a tarifa pública não tem jeito. Eu acho que o governador tem de esperar mais um pouco. Não está no momento de fazer;, avalia.
O reajuste
Como ficam as tarifas:
Ônibus
Linhas circulares internas: de R$ 2,25 para R$ 2,50
Linhas de ligação curta: de R$ 3
para R$ 3,50
Viagens de longa distância e integração com o metrô: de R$ 4 para R$ 5
Metrô
De R$ 4 para R$ 5 para qualquer linha
Reação
Logo após o anúncio do reajuste nas tarifas, os brasilienses começaram a organizar atos pelas redes sociais. A maioria está marcada para o Plano Piloto, na próxima semana.
Quando: Hoje, às 20h
Onde: Esplanada dos Ministérios
Público: 1,2 mil pessoas confirmaram presença pelas redes sociais, mas 3,7 mil se mostraram interessadas no protesto
Quando: domingo, às 6h
Onde: Esplanada dos Ministérios, com concentração no Museu da República
Público: 1,3 mil confirmaram presença pelas redes sociais. O evento recebeu mais de 11 mil compartilhamentos
Quando: segunda-feira, às 17h30
Onde: Rodoviária do Plano Piloto
Público: 1 mil confirmaram presença na página do evento. 2 mil demonstraram interesse em participar do protesto
Quando: quarta-feira, às 17h
Onde: Rodoviária do Plano Piloto
Público: 1,4 mil confirmaram presença. A página do protesto nas redes sociais foi compartilhada mais de 15 mil vezes