Entretanto, projetos e iniciativas apresentados têm sido mais morosos do que o alastramento da crise hídrica, parte pela burocracia, parte pelos conflitos de interesses. Na opinião de Júlio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado e Pantanal do WWF-Brasil, falta um pensamento mais conjunto. ;No Brasil, as discussões são muito dicotômicas. Ou você é conservacionista ou é desenvolvimentista. É ruralista ou ambientalista. É preciso um ponto de equilíbrio, uma visão integrada com todos os atores do sistema.;
Uma das principais apostas para o melhor manejo dos recursos hídricos é o ZEE. O documento trará um mapeamento dos locais em que as atividades econômicas causam menor impacto ambiental. Porém, a elaboração do documento e a posterior execução ainda são um desafio para os estados brasileiros. A diretriz nacional obriga todos a apresentarem o projeto até, no máximo, maio de 2017. Entretanto, apenas 11 concluíram os estudos, segundo Ministério do Meio Ambiente. No Centro-Oeste, apenas o DF não conseguiu entregar nenhuma parte da proposta. Neste momento, o ZEE-DF está em consulta pública e precisa passar pela Câmara Legislativa. Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul terminaram os os planos e entregaram ao governo federal.
Outra solução urgente é a universalização do atendimento de água tratada e esgoto à população. A Organização Mundial de Saúde estima que, para cada US$ 1 investido em saneamento, são economizados US$ 4,3 em serviços de saúde. Com a crise financeira da administração pública brasileira, os investimentos vêm caindo no país desde 2014. Sem financiamento externo, as empresas têm dificuldade para melhorar a infraestrutura apenas com o uso da receita gerada pelas contas pagas pelo consumidor. ;A população dá mais valor em pagar uma conta de celular do que uma conta de água. O dinheiro dá apenas para manutenção;, reclama Roberto Cavalcanti Tavares, presidente da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (Aesbe).
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique