No peito de Nicholas Araújo Arimateia, 7 anos, bate um novo coração. Há dois dias, o Correio contou o drama do menino que desde setembro aguardava o transplante. Na noite da última terça-feira (27), o procedimento foi realizado sem complicações. O órgão veio de Natal (RN), cidade natal do pequeno. A família doadora conheceu a história de Nicholas pela reportagem.
Nicholas era o primeiro da fila para o transplante cardíaco infantil ; ele tem uma doença rara, diagnosticada há um ano, chamada miocardiopatia restritiva, que faz com que o músculo do coração seja rígido o suficiente para prejudicar a circulação do sangue por todo o corpo. ;Graças a Deus uma família sensibilizou num momento difícil da vida e conseguiu fazer a doação. O órgão era compatível. Ele recebeu o coração e deu tudo certo;, comemorou o pai, Giovanni Dmitri Arimateia, 40 anos.
Desde que chegou a Brasília, Nicholas vive uma suíte infantil no lar provisório do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF). Até outubro, ele contornava o problema com o uso de medicamentos, mas sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, os movimentos das pernas e mãos ficaram comprometidos.
[SAIBAMAIS]A cirurgia durou quatro horas, segundo a última atualização do boletim médico divulgado pelo ICDF. ;O procedimento de transplante iniciou-se por volta das 18h desta terça-feira e transcorreu sem anormalidades. No momento, o paciente está hemodinamicamente estável, com drogas vasoativas, sedado, em ventilação mecânica evoluindo bem, mas permanece em recuperação na unidade de terapia intensiva (UTI);, destaca o informativo. Depois do transplante, os pais do menino ainda terão que morar por mais um ano em Brasília para acompanhamento do quadro médico.
Espera longa
Na fila dos transplantes, há pacientes esperando por pulmão, fígado, córnea. Dados do Ministério da Saúde, mostram que, no fim de setembro, a lista de espera nacional por um transplante era de 28.494 potenciais receptores de órgãos (coração, fígado, pâncreas, pulmão e rim), sendo 328 para coração. Na capital do país, 12 precisam de um novo coração. Este tipo de procedimento é somente feito em quatro cidades: São Paulo, Curitiba, Fortaleza e em Brasília, no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF).
Os dados do Sistema Nacional de Transplante mostram que o DF realiza, em média, 60 transplantes por mês. No ano passado, foram feitas aqui 30 cirurgias de coração, 61 de fígado, 81 de rim, 510 de córnea e 37 de medula óssea. Até hoje foram 160 transplantes de coração feitos em adultos e crianças no DF. O primeiro em criança foi realizado em 2009.