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Provas do esquema de atestados e receitas médicas foram destruídas, diz MP

Documentos de 2014 teriam sido queimados no ano passado, em uma tentativa de apagar os registros de crimes

O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) apura o envolvimento de outros profissionais no esquema de falsificação de atestados e receitas médicas. A investigação faz parte da Operação Trackcare. No entanto, há provas que podem ter sido destruídas no período da campanha eleitoral, em 2014, entre elas, guias de atendimento de emergência (GAE)

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Os investigadores apreenderam, nesta terça-feira (20/12), documentos de 2015 e 2016, mas não localizaram dados de 2014. O médico Marcus Antônio Costa, que concorreu a uma cadeira de deputado distrital, confessou que Félix e Daniele colaboraram com a campanha, mas não deu detalhes de como. "O que sabemos é que Daniele atua como secretária pessoal de Marcus durante a campanha. Todos as receitas apreendidas estavam assinadas por Félix", afirma o promotor de Defesa da Saúde (Prosus), Luis Henrique Ishihara.

[SAIBAMAIS]"Os funcionários do centro de Saúde confirmaram que houve a destruição de caixas no ano passado", detalha o promotor de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida), Maurício Miranda. Ele completa: "Vamos apurar junto da Secretaria de Saúde para saber o que aconteceu com esses documentos. Essa destruição atrasou a nossa investigação".

Denúncia

Miranda quer apresentar a denúncia o mais rápido possível, mas não divulgou data. "Esse é um caso simples de se investigar", completa. Na ação de hoje, Félix não foi localizado. O servidor, segundo a Secretaria de Saúde, está de férias.

O que o MP quer descobrir é como o esquema funcionou após as eleições de 2014. "A profissional estava com várias receitas assinadas no carro. O que ela queria com isso? Como estava usando? Ela estava afastada do médico e do centro de saúde", ressalta Miranda.

Para Ishihara, pode ter havido, além de falsidade ideológica e peculato, crime eleitoral. "Não é nossa função apurar isso, mas há indícios", adianta. Pode ter havido também, segundo ele, a formação de uma organização criminosa.

Outros envolvidos

O MPDFT ainda não sabe quantas pessoas receberam medicamentos, quais foram os remédios desviados e se há mais profissionais envolvidos. "Temos que analisar o carimbo e a assinatura dos profissionais que preencheram a receita para saber se há mais envolvidos", explica Miranda.

Os promotores apuram ainda de houve venda ou troca de medicamentos por outras vantagens. "Não descartamos nenhuma informação neste momento", pondera Ishihara.