Cidades

Moradores do DF contam como é a experiência de adoção de pets

Além de representar um gesto de amor, acolher animais abandonados pode gerar um vínculo de companheirismo e uma relação de afeto indescritível

Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 17/12/2016 08:00

Na sala de estar da bancária Ana Paula Queiroz, 45 anos, apenas dois gatos aparecem deitados no sofá. Brancão é carinhoso e curioso e brinca sem medo com os visitantes. Já Pierre não liga para as visitas ou para as câmeras que clicam suas poses. Tira uma soneca relaxada enquanto mostra a barriga branca virada para cima. Aos poucos, os outros felinos vão perdendo a vergonha e aparecem para cumprimentar os visitantes. Um, dois, três, seis; 11 bichanos. ;Sempre amei gatos, eles são parte da minha família, são como filhos;, afirma Ana. O carinho é tão grande que não bastou acolher apenas os gatos que o apartamento onde mora poderia abrigar. A bancária passou a integrar um grupo que retira animais da rua para garantir que encontrem um lar.


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;Não dá para comprar um amigo. Todos os meus gatos são resgatados da rua, todos têm uma história;, afirma Ana. Desde pequena, ela era apaixonada por animais. O primeiro gato ela ganhou do namorado e acredita que foi graças ao animal de estimação que o namoro se transformou em casamento. Quando a primeira filha do casal, Gabriela Queiroz, fez sete anos, a pequena ganhou o primeiro gatinho. ;Eu morria de medo, ela pulava nas minhas pernas e eu saia gritando assustada;, conta a Gabriela, hoje com 22 anos.

No Facebook, o Clube do Gato, grupo do qual Ana Paula e Gabriela fazem parte, tem mais de 22 mil curtidas. Na vida real, 467 gatinhos foram entregues a novos donos. E o trabalho desenvolvido pelo grupo é ainda mais amplo: inclui a conscientização. Todos os animais são entregues com as vacinas tomadas, castrados e felizes. A fundadora, Cecília Prado, 32, criou o clube para mostrar o lado bonito do resgate. ;Às vezes, as páginas mostram imagens de animais machucados, feridos e sofridos. Nós não queremos isso. Queríamos uma página leve e bonita. Todos os nossos gatos passaram por histórias difíceis, mas, antes de irem para a internet, eles são bem cuidados e amados;, relata.

Além de gatos, a página acolhe alguns cachorros. Segundo a fundadora, no entanto, o foco nos felinos se deve à marginalização que eles sofrem. ;Hoje, com a ajuda da internet, da viralização de vídeos engraçadinhos, o gato entrou na moda. Mas, antes, ele era estigmatizado. Todo mundo tem um amigo que não gosta de gato;, explica. ;Acontece que, diferentemente dos cachorros, que são sempre amistosos e brincalhões, os gatos têm temperamentos diferente, como os humanos. Às vezes, eles não estão afim de papo. Costumam se esconder de visitas e só mostram quem realmente são para os donos, os quais amam, e muito.;

Acolhimento

Uma professora de francês, hoje com 38 anos, sempre acolheu animais de rua. Amélie, como pediu para ser chamada, teve uma juventude difícil. ;Amélie foi o nome da minha primeira bichinha de estimação;, esclarece. O motivo do sigilo é que, durante boa parte da vida, ela sofreu violência doméstica e acredita que isso explica a vontade de ajudar animais de rua. ;Já que eu não podia me defender, quis levar para a vida o dever de ajudar quem também não podia;, conta. Por isso, abriu um grupo de resgate a animais de rua há dois anos. ;Pegamos animais que estão sem lar ou que estão sendo maltratados nos lugares que moram. Entramos em contato com os donos e tentamos convencê-los de que o tratamento que estão oferecendo aos bichos não é o ideal.;

Atualmente, Amélie cuida de cinco gatinhos e três cachorros, todos esperando adoção. O custo para manter os animais é alto. ;Pago um cuidador que fica com eles em casa. Por mês, são R$ 750, sem contar os gastos com rações e remédios. Não é um dinheiro que eu tenha, faz falta, mas faço o sacrifício por eles;, afirma.

O trabalho de apoio a quem faz acolhimento de animais é um dos principais da Associação Protetora dos Animais do DF (ProAnima). ;Infelizmente, não temos espaço para acolher todos os animais que precisam de lar, mas sempre oferecemos orientação e apoio com remédios, rações e consultas;, conta Luciana Schlottfeldp, voluntária da associação. ;Queremos ensinar à população que é crime abandonar animais na rua e que, ao cuidar de um, devemos castrá-lo, para que não tenha mais filhotes que possam terminar na rua;, finaliza Luciana.

Eu adotei


Veja relatos de quem tem animais de estimação

;Estava em uma feira de adoção na minha faculdade quando conheci Polly. Estava uma barulheira de latidos, fui lá só para olhar, não queria adotar ninguém, mas, na hora que a vi, foi amor à primeira vista. Ela era a única que estava quietinha no meio de toda aquela bagunça, fiz carinho e ela não ficou com medo. Hoje, ela é a queridinha da minha casa.;

Aline Picoli, 20 anos Estudante Lago Norte

;Conheci o Ray há dois, por meio de uma publicação no Facebook do ProAnima. Eu me interessei, preenchi uma ficha, fiz uma entrevista e trouxe ele para casa. Sempre quis um gato e, quando vi que ele era cego, aquilo me tocou, pensei que mais ninguém poderia adotá-lo. Há seis meses tive um filho, e durante o parto, que foi em casa, ele ficou ao meu lado o tempo todo.;

Andrea Villar, 31 anos Professora Cruzeiro

Como adotar

Feira de Adoção da Associação PET
Adote o Próximo
Quando: Hoje, das 8h às 12h
Onde: Paranoá
Endereço: Quadra 24, Conjunto A, Lote 11, Loja 2 ; Av. Transversal
Contato: (61) 35329449 / (61) 984415236
Recebemos doação de materiais de limpeza, ração e tudo que for útil à clínica
Clube do Gato

O Clube do Gato sobrevive de apoio de clínicas, veterinários e amantes dos animais. Caso não possa ajudar adotando, é possível apoiar a causa comprando os produtos oficiais do clube.

Informações: www.facebook.com/clubedogatobsb ou clubedogatodebrasilia@gmail.com

* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer

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